Mota Amaral: "O voto é livre e deve ser exercido. Em todas as eleições há a necessidade de contar com o que o povo quer"
O Voto é a Arma do Povo: as primeiras eleições livres em Portugal fazem 50 anos e a TSF convida 25 personalidades a falar sobre o voto. Foi com o nome do programa da TSF que João Bosco Mota Amaral começou a caracterizar o voto, dizendo que este é "indispensável", porque é "o povo quem mais ordena".
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Foi deputado ainda na ditadura, compondo a Ala Liberal liderada por Francisco Sá Carneiro, entrou na Assembleia Constituinte pelo PPD (hoje PSD), seguiu para a Assembleia da República nos anos seguinte, mas por poucos meses, já que venceu as primeiras eleições regionais nos Açores e esteve na presidência do Governo Regional até 1995, quando regressou ao Parlamento nacional, tendo ocupado os cargos de vice-presidente e presidente da Assembleia da República.
João Bosco Mota Amaral teve uma vida dedicada à política e, tal como o nome do programa da TSF, acredita que o voto "é a arma do povo".
"O voto deve ser, como se dizia então e com razão, a arma do povo e é importantíssimo. É o modo como os cidadãos se posicionam perante a situação política, tomam as suas posições, fazem as suas escolhas e as escolhas nas sociedades democráticas são determinadas pelo resultado das eleições", considera o ex-parlamentar em declarações à TSF.
Por isso, para Mota Amaral, os cidadãos devem demonstrar a sua vontade nas urnas: "É indispensável que os cidadãos votem e é preciso movimentar todos os cidadãos para que, nas eleições que vai haver agora em maio, haja também esta manifestação de vontade no sentido de manter o que está, no sentido de alterar o que está. Isso é livre. O voto é livre e deve ser exercido."
E os partidos procuram fazer com que o povo se dirija às assembleias de votos, porque "o povo é quem mais ordena".
"É para isso que trabalham os partidos durante todo o tempo e especialmente nas campanhas eleitorais, para esclarecer os cidadãos e levá-los a votar nas eleições, quaisquer que elas sejam: legislativas, regionais, presidenciais, autárquicas. Em todas elas há, portanto, a necessidade de contar com aquilo que o povo quer e o povo é quem é mais ordena, como é nas sociedades democráticas", argumenta.
Recuando 50 anos na fita do tempo, Mota Amaral foi cabeça de lista do então PPD às eleições para a Assembleia Constituinte e teve um papel importante na autonomia dos Açores e da Madeira. O social-democrata crê que nessa altura havia mais criatividade no planeamento das campanhas eleitorais.
"Era preciso fazer tudo de novo, porque não havia eleições livres em Portugal antes e, portanto, nós programamos um trabalho de contacto com os cidadãos, de contacto direto com os cidadãos, que também ansiosos por conhecer as diversas propostas políticas que vieram a ser apresentadas pelos partidos", lembra.
E faz a comparação com a atualidade: "Não havia este cansaço com a política partidária, nada disto de hoje em dia e passado meio século. Havia assim um entusiasmo pela construção de um Portugal novo. E foi isso que fizemos aqui nos Açores, programando um contacto com os eleitores em todas as freguesias na roda das ilhas, centralizando ao máximo a atividade, de forma que houvesse o máximo possível de pessoas a trabalhar neste contacto com o eleitorado, que depois apresentou resultados, com a presença às urnas e com a votação maciça no PSD nessas eleições."
Sempre candidato pelas listas do PPD/PSD pelos círculos eleitorais de Ponta Delgada e Açores até à XII Legislatura, só deixou a Assembleia da República em 2015. Pelo caminho, foi conselheiro de Estado de 1982 a 1995 e de 2001 a 2005 e foi vice-presidente do Comité das Regiões da União Europeia.