Na “despedida” de Bruxelas, Costa identifica na Europa “grande curiosidade” sobre situação política portuguesa
António Costa tranquiliza instituições europeias sobre compromisso de Portugal com valores europeus, após subida da extrema-direita.
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Na primeira vez que regressa a Bruxelas, depois das eleições que resultaram no reforço parlamentar do Chega, o primeiro-ministro afirma que já transmitiu uma mensagem tranquilizadora para as interdições europeias, relativamente aos compromissos do país.
Mas, António Costa afirma que já transmitiu em Bruxelas que, apesar do resultado da extrema-direita, Portugal vai continuar alinhado com os valores europeus, uma vez que “os dois principais partidos, que têm sido a base do suporte de Portugal ao projecto europeu, continuam a ser largamente maioritários”.
“O próprio chega, ao contrário do que acontece com outros partidos de extrema direita em outros países da Europa, nunca fez uma campanha contra a União Europeia a explorar qualquer atitude de euroceticismo”, afirmou.
O primeiro-ministro afirma que “mesmo relativamente àquilo que tem sido a deriva pró russa, de muitos dos partidos de extrema direita, - como Chega - não tem sido o caso, visto, que tem apoiado todo o ‘apoio’ que a Europa tem dado”.
“As instituições europeias têm boas razões para estar totalmente tranquilas, deste ponto de vista, quanto à mudança de governo”, afirmou António Costa, sublinhando que “não haverá mudança de política europeia ou de política externa portuguesa”.
António costa escusa-se a falar sobre a possibilidade de um futuro europeu, e afirma que os encontros em Bruxelas são, antes de qualquer outra coisa, uma despedida.
“É, obviamente, uma despedida quanto às funções do primeiro ministro”, afirmou, sem querer pronunciar-se sobre o que antevê relativamente ao seu futuro político a nível europeu. Por agora, aguarda pelo final do seu mandato “não sei se será na próxima semana, [se] será a seguir à Páscoa, mas seguramente, quando no final desta semana tivemos os resultados finais, haverá seguramente uma indigitação do novo primeiro ministro, haverá a transição, portanto, o próximo Conselho já será seguramente com o novo primeiro-ministro português”.
Na despedida de Bruxelas, enquanto chefe do Governo, António Costa diz-se pronto para passar o executivo para as mãos de um novo primeiro-ministro, considerando que “em democracia, o país fica sempre em boas mãos, pois fica nas mãos que resultaram da escolha dos portugueses e portanto, estão sempre em boas mãos”.
Questionado sobre se considera que tem o futuro político europeu refém da justiça portuguesa, António Costa recusou responder à pergunta, reiterando o seu “respeito pela justiça”.
“Eu respeito a Justiça, sempre a respeitei, fui advogado, fui ministro da Justiça, trabalhei muito, trabalhei muito para que este sistema fosse um sistema que fosse independente, que funcionasse com as devidas garantias defesa. É o que eu desejo. Para mim, é o que eu desejo, que funcione para qualquer, para qualquer cidadão, é que a justiça seja feita”.