Na “inovação e reinvenção”, Costa dá a vitória a Pedro Nuno (apesar de oito anos de Governo)

O primeiro-ministro considera que as principais ideias na pré-campanha são do PS e não "dos que se têm oposto".
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Numa rara aparição em tempo de pré-campanha eleitoral, António Costa deixou palavras de conforto ao programa de Pedro Nuno Santos e definiu “a demagogia” das propostas da Iniciativa Liberal como o alvo. O primeiro-ministro deixou ainda um conselho ao futuro Governo: o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) tem de “continuar” com um nível de execução elevado.
António Costa saiu do recato para apresentar o livro do deputado socialista Miguel Costa Matos, ao lado do ministro do seu Governo Duarte Cordeiro. O também líder da Juventude Socialista apresenta “30 ideias para mudar o país”.
“Não é o facto de haver oito anos de Governo que diminuem a capacidade de inovação e de reinvenção”, disse António Costa, aproveitando a deixa.
O primeiro-ministro considera “significativo” que tanto o livro do deputado como a campanha eleitoral demonstrem que, ao fim de oito anos no Governo, é o PS que apresenta uma visão de futuro.
“Tenho constatado nos debates eleitorais que há mais novidades apresentadas pelo campo de quem tem governado nestes últimos oito anos do que no campo daqueles que se têm oposto”, disse.
Escusou-se, no entanto, a referir qualquer proposta concreta do programa eleitoral socialista, passando grande parte do discurso a destacar evolução do país desde a passagem do século. A economia está mais “moderna” e o abandono escolar diminuiu significativamente.
Se os jovens são a “geração mais qualificada de sempre”, como o primeiro-ministro já referiu em vários discursos, acrescenta-lhes agora um novo atributo: são também “a geração charneira”.
A evolução da economia portuguesa, defende António Costa, deve-se fazer “com esta geração”. É preciso, por isso, aumentar o rendimento líquido dos jovens para impedir a saída para outros países.
Costa lembra que IL quer cortar com IRS Jovem
Foi a brecha que a António Costa utilizou para criticar o programa da Iniciativa Liberal, num raro momento de confronto com as propostas de outros partidos. Os liberais colocam os jovens no centro da ação e, ao mesmo tempo, querem reduzir os impostos (e acabar com o IRS Jovem).
“O IRS Jovem deixa de ser necessário porque haverá um IRS de 15% para todos. Não vou discutir a demagogia do IRS a 15% para todos, mas o IRS Jovem, no primeiro ano, é de zero por cento”, destacou.
Ao futuro Governo, o primeiro-ministro deixou ainda um conselho: é preciso ter em atenção à execução do PRR. A perspetiva do impacto no Produto Interno Bruto (PIB), no cenário mais pessimista, é de dois pontos percentuais em 2026.
“Continuando a executar o PRR ao ritmo que temos vindo a executar, em 2026, segundo as previsões da Comissão Europeia, teremos por via do PRR um crescimento entre 2% e 3,5%”, disse.
O crescimento do PIB vai “acelerar a convergência de Portugal com a União Europeia”, mesmo no cenário “menos otimista”. No final da sessão, António Costa recusou falar com os jornalistas (é tempo de dar palco a outros protagonistas).