Na Póvoa, o fumo não deixa viver. Catarina Martins pede que se encontre uma solução
De visita a uma escombreira das antigas minas do Pejão, Catarina Martins ouviu as queixas das moradoras da zona e pediu que se atente nos problemas ambientais.
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A líder do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, pede que se encontre uma solução para as escombreiras de minas existentes em Portugal. O pedido da líder bloquista surge com o intuito de evitar situações como a de Castelo de Paiva, em que os fragmentos de carvão das antigas minas do Pejão estão a arder há mais de um ano.
De visita ao lugar da Póvoa, na freguesia de Pedorido, Catarina Martins ouviu as queixas de quem lá mora. Ricardina Barbosa, Maria Ferreira e Maria Cardoso queixam-se do mesmo: o fumo do incêndio que arde desde outubro de 2017 é mais do que um simples incómodo.
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"É impossível viver aqui. O telhado não é preto, é castanho, mas é tanto o pó que vem... Acha que temos que ser prejudicados? Eu acho que não", começou por explicar uma das habitantes do local. O cheiro a enxofre é outro dos problemas associados: "tem dias em que não se pode passar aqui", relembram.
A roupa não pode estar na rua, "senão é para lavar outra vez" e as hortaliças não podem estar na terra porque "ficam todas pretas" e há ainda um líquido pegajoso, usado pelos trabalhadores, que só piora o cenário.
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Outra das preocupações são as consequências que o fumo pode ter para a saúde. "Gostaríamos de saber, ou que alguém nos transmitisse, se isto é ou não prejudicial para a saúde. Eu tenho a certeza que é", diz convicta uma das moradoras do local.
Catarina Martins pede, sobretudo, mais respeito por esta população e pelos problemas que esta enfrenta. "Aqui garantem-nos que, quando há problemas com a qualidade do ar, param com a com a intervenção e depois a retomam, mas à população não é dada nenhuma informação. Isso não é forma de tratar as populações que aqui vivem. Têm direito a saber da qualidade do ar, da sua saúde", defendeu.
Reforçando que este tipo de situação não é admissível, a líder bloquista acredita que a negligência neste tipo de informações está relacionada com o facto de a Póvoa ser "uma pequena povoação no interior".
A Empresa de Desenvolvimento Mineiro tenta apagar este incêndio que arde há mais de um ano, desde os incêndios de outubro de 2017. Zélia Estêvão, da administração da empresa, revela que a resolução do problema pode estar para breve: "pensamos que no final de abril já teremos esta situação completamente resolvida. Eram quatro focos, este é o último. Os outros já estão extintos."
Esta escombreira, como lembra Catarina Martins é apenas uma das várias que existem no país. Por isso, pede um plano para evitar situações como esta, possibilatadas por licenciamentos "no mínimo negligentes." Por isso, deixou o apelo: "proteger e investir no território para o preparar para as alterações climáticas é também uma obrigação do nosso Estado. Não podemos fechar os olhos ao que está a acontecer. Não podemos esquecer os tantos atentados ambientais que há no país. Escombreiras de minas há várias, é importante lidar com elas e proteger o território."
Enquanto isso, serão ainda precisos mais alguns meses para conseguir acabar com o fogo e o fumo de um dos mais longos incêndios do país.