Nacionalizações ou privatizações, qual a melhor lista? IL defende PPP, CDU responde que "crianças não pagam mas também não andam"
Liberais e comunistas não estiveram de acordo em nenhuma solução, com a economia e a gestão da saúde em destaque
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Diz-se que os extremos tocam-se, mas estes estiveram bem no extremo oposto um do outro. Iniciativa Liberal e CDU, coligação que junta o PCP e o PEV, debateram-se esta sexta-feira e deixaram bem presentes as diferenças gritantes entre ambas as candidaturas.
Entre um partido que quer mais intervenção do Estado na economia e outro que quer menos, foram-se discutidas listas.
"O Paulo Raimundo quer nacionalizar os CTT, quer nacionalizar a REN, quer nacionalizar a Galp, quer nacionalizar a ANA, quer nacionalizar a Fertagus. Eu já nem me lembro. A lista é tão grande que eu já nem me lembro", disse Rui Rocha, líder da IL.
Paulo Raimundo respondeu imediatamente: "É melhor do que a sua de privatizações."
Os anos da troika, sempre chamados pelos comunistas a debate, também receberam uma provocação por parte do líder liberal. "Se o Paulo Raimundo tiver saudades da troika, meta o programa do PCP no correio e envie para o destinatário. No dia seguinte temos cá a troika. É um programa para terraplanar a economia portuguesa", desafiou Rui Rocha, mas a correspondência foi negada pelo líder da CDU: "Sabe porque é que não temos essa carta no dia seguinte? Porque a privatização dos CTT, além de outras coisas, arrasou com a entrega postal. Oito a 15 dias é o que as pessoas esperam."
O tom voltou a elevar-se quando se falou de saúde e novamente com dois modelos opostos em discussão: regresso das Parcerias Público-Privadas (PPP) ou investimento total no Serviço Nacional de Saúde (SNS).
"O Tribunal de Contas disse: é vantajoso para os utentes, é vantajoso para o estar. O PCP não descansou enquanto não convenceu o parceiro, o PS, a extinguir as PPP, com prejuízo para todos. E o resultado desse percurso que foi feito pela geringonça é a situação atual: 1,5 milhões de portugueses sem médico de família, listas de espera intermináveis para as consultas e para as cirurgias", acusou Rui Rocha.
A resposta comunista foi exatamente no sentido oposto: "O único sistema que garante a saúde a todos não pergunta quanto é que tem na carteira, não pergunta qual é a apólice do seguro, não pergunta qual é a doença, é o Serviço Nacional de Saúde. Portanto, se é assim, o que é que nós podemos fazer? Tratar dos problemas do Serviço Nacional de Saúde e para tratar da saúde do Serviço Nacional de Saúde é preciso mais profissionais. O Rui Rocha é de Braga, que tinha uma boa PPP, que é sempre um exemplo que o Rui Rocha dá, mas é uma boa PPP que a gestão pública de 2024 fez o dobro praticamente das cirurgias, do que o último ano da gestão privada. E as PPP são assim um bocadinho - o Rui Rocha conhece esta certamente esta historieta - mais uma volta, mais uma viagem, mais uma voltinha, as crianças não pagam, mas também não andam."