"Não corresponde à verdade." Representantes das Forças Armadas acusam Nuno Melo de fazer "jogo político"
À TSF, o presidente da Associação Nacional de Sargentos e o presidente da Associação Nacional de Praças garantem que apenas tiveram reuniões com o secretário de Estado da Defesa
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O presidente da Associação Nacional de Sargentos, Antonio Lima Coelho, garante que houve apenas um encontro entre a associação e o secretário de Estado da Defesa antes do anúncio do aumento do suplemento da condição militar em 300 euros, acusando o ministro da Defesa, Nuno Melo, de faltar à verdade.
"Eu lamento que o senhor ministro passe para a opinião pública uma coisa que não corresponde à verdade, porque ser chamado a um gabinete para dizer que não tem nada para nos apresentar, nem tem nada para nos dizer e para apenas informar que iríamos ser surpreendidos daí uns dias, não é propriamente uma reunião de trabalho e quem passa essa ideia ou informação para o público está enganar os cidadãos e está a enganar os militares em particular. Enfim, o senhor ministro fará o jogo político que entende fazer, sabendo que nalguns aspetos não está a corresponder à verdade", disse à TSF o presidente da Associação Nacional de Sargentos.
A mesma ideia é corroborada pelo presidente da Associação Nacional de Praças, Paulo Amaral: "Há dois dias o senhor secretário de Estado a dizer que não tem informação nenhuma sobre que tipo de valorização remuneratória irá ser atribuída aos militares das forças armadas e dois dias depois com toda a pompa e circunstância o senhor ministro anuncia o valor de 300 euros aplicado num suplemento com uma componente fixa do suplemento de condição militar, isto não é tratar de forma séria aquilo que é sério."
António Lima Coelho considera que as medidas anunciadas pelo Governo têm aspetos positivos, mas lamenta a distinção entre os militares.
"Se é bem verdade que tem alguns aspetos positivos, o que não é de estranhar quando desde 2010 não há qualquer tipo de atualização salarial, também não deixa de ser verdade que vamos continuar a ter militares de primeira, de segunda e terceira categoria e é uma das questões que há muito nos batemos, porque quando reconhece o suplemento da condição militar, que é a nossa condição e tão militar é o soldado como o general, quando a essa condição é paga diferenciadamente por categorias ou postos, então lá estamos a ter militares de primeira, de segunda e terceira", refere.
Além disso, também há críticas às medidas sobre a saúde: "Por outro lado, embora falando e muito bem do reconhecimento à saúde para os antigos combatentes, o senhor ministro esqueceu-se de falar da saúde para os atuais militares, que está uma verdadeira desgraça, e do absurdo que é perante a exigência de termos a permanente disponibilidade e prontidão para o serviço e termos de ter uma saúde capaz, ainda termos que pagar para responder à exigência que nos é colocada. Ora, isto é uma responsabilidade do Estado e o Estado é que a deve assegurar."