“Não devemos fazer desperdício de nada, nem de votos.” Bolieiro apela a voto útil para maioria absoluta
O líder da ligação PSD/CDS/PPM, e atual governante dos Açores, quer formar governo sem ter de se preocupar com “sobressaltos provocados por pequenos partidos”.
Corpo do artigo
José Manuel Bolieiro atira farpas aos partidos que romperam a solução de governo à direita nos Açores e apela ao voto útil, para conseguir uma maioria estável. A menos de uma semana das eleições regionais dos Açores, a Aliança Democrática (PSD, CDS e PPM) apresentou, esta segunda-feira, a Agenda de Governação para a região autónoma, depois de muitas críticas da oposição, por os açorianos ainda não conhecerem o programa eleitoral de quem governa atualmente a região.
O Centro Municipal de Cultura de Ponta Delgada, para onde estava marcada a apresentação, estava apinhado. Foram mais os que ficaram de pé do que os que arranjaram lugar sentado para ouvir o ainda presidente do Governo Regional dos Açores.
Entre o calor humano do auditório, que contrastava com o temporal fora de portas que está a atingir Ponta Delgada, José Manuel Bolieiro subiu ao palco e começou por apontar culpados na crise política que a região vive.
“Fomos interrompidos subitamente por partidos que apenas pensam no seu interesse partidário, quando deveriam colocar sempre, como faço, o interesse dos Açores e das pessoas em primeiro lugar”, alegou. José Manuel Bolieiro falava do PS, do Bloco de Esquerda e da Iniciativa Liberal, que chumbaram a proposta de Orçamento do Estado do Governo açoriano, levando à dissolução do Parlamento.
Agora, constata, Portugal tem três crises políticas – nos Açores, no Continente e, mais recentemente, na Madeira. Mas a crise açoriana, defendeu, é fácil de resolver. “Com estabilidade e consistência nas políticas, sem sobressaltos provocados por pequenos partidos. Apelo, por isso, ao voto útil”, declarou José Manuel Bolieiro.
“Não devemos fazer desperdício de nada, nem de votos. Espalhar a votação só agrava os problemas”, defendeu.
O líder social-democrata açoriano faz assim um apelo à maioria absoluta, apesar da cautela que tem tido em não fechar portas à extrema-direita, caso venha a precisar dela. E até o tom de uma ou outra ideia tende à aproximação. Enaltecendo a redução do número de beneficiários do rendimento social de inserção nos Açores – que, nota Bolieiro, diminuiu 42,6%, durante a governação desta coligação de direita -, o atual presidente do Governo Regional defende que esta verba deve ser mantida apenas para alguns. “Os outros”, frisou, têm de ir “para o mercado de trabalho, que bem precisa deles, porque há falta de mão-de-obra”.
Entre as propostas desta Agenda de Governação de Bolieiro estão também medidas como o investimento na habitação acessível – com a promessa de mais 2 mil casas nos próximos dez anos -, o alargamento do chamado “Vale Saúde”, um cabaz de preço reduzido para produtos dos Açores, mais lugares gratuitos em creches ou um projeto-piloto de uma semana de quatro dias de trabalho. Ideias que, afirma o presidente do Governo dos Açores, o PS quer copiar.
“Queremos nós uma cópia se podemos escolher o original?”, questionou, no discurso.
“Temos uma agenda de governação para os Açores. Outros apenas um projeto de regresso ao poder”, concluiu.