O socialista Pedro Silva Pereira acredita que a reprimenda foi "um episódio". António Filipe, do PCP, considera que seria "impensável" uma crise política. As relações entre PR e PM no Política Pura.
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O "novo ciclo" das relações entre Belém e São Bento passou pela edição desta semana do programa da TSF Política Pura.
Pedro Silva Pereira, eurodeputado socialista, acredita que a duro ataque proferido por Marcelo Rebelo de Sousa "é um episódio com razões muito específicas".
"O Presidente da República está naquela posição fácil de poder alinhar com expressões de indignação e sofrimento do país sem ter que subscrever responsabilidade na solução de problema nenhum. É uma posição fácil que coloca o Governo sob exigência adicional", afirma Silva Pereira.
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O eurodeputado e antigo governante socialista "não vai tão longe" que considere que o Presidente esteja a "dar cobertura" à moção de censura que o CDS defende, no Parlamento, na próxima terça-feira.
"Não creio que seja do interesse do Presidente e estou convencido que não é da sua interpretação dos poderes presidenciais alimentar gratuitamente um cenário de conflito político com o Governo".
António Filipe do PCP sublinha que o PR "não se pode substituir nem ao Governo nem à Assembleia da República" e que, por isso, a intervenção de Marcelo Rebelo de Sousa deve ser lida "tendo em conta o clima emocional que o país vive.
"Algumas vozes, um pouco pateticamente, chegaram até a sugerir possibilidades, como a dissolução da Assembleia... Isso era uma coisa absolutamente inconcebível, num momento chave do ano político e económico. Em que a AR debate o Orçamento que é suposto entrar em vigor em janeiro e é obviamente necessário que isso aconteça, até para dar cobertura financeira a estes prejuízos. Seria impensável que o Presidente, em nome de uma intervenção mais enérgica, viesse criar uma crise política. Acho que isso não passa pela cabeça de ninguém. Nem passou pela cabeça do Presidente da República", diz António Filipe.
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O deputado comunista sublinha ainda que "o PR "nunca escondeu a sua origem ideológica", como quando devolveu ao Parlamento os diplomas sobre a Carris e os STCP.
Já Pedro Silva Pereira sublinha que a "clarificação" exigida por Marcelo Rebelo de Sousa vai ter resposta na próxima terça-feira.
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"O mais importante foi aquilo que (o PR) acrescentou depois: atenção, uma moção de censura significa uma de duas coisas. Ou o Parlamento retira a confiança ao Governo e este cai, ou o Parlamento reforça a legitimidade do Governo. Penso que ele (Marcelo) como bom analista político que é não tem dúvidas sobre o que vai acontecer na próxima semana. Vamos ter um Governo com reforço da sua legitimidade parlamentar por via da rejeição da moção de censura", diz o eurodeputado do PS.