"Não fujo a nenhum debate, mas democracia deve respeitar que numa coligação possam todos intervir"
Para o primeiro-ministro em gestão, é claro que "a campanha eleitoral não acabará" sem se "cruzar em debate com todos". Nuno Melo participará nos debates com BE, Livre e PAN
Corpo do artigo
Luís Montenegro só aceita debater com os líderes de PS, Chega, Iniciativa Liberal e PCP, indicando o líder do CDS-PP, Nuno Melo, parceiro de coligação na AD, para debater com BE, Livre e PAN. Pedro Nuno Santos critica esta atitude do chefe de Governo em gestão, acusando-o de fugir por "medo".
A notícia foi avançada pelo Expresso e, entretanto, justificada pelo próprio primeiro-ministro. Numa publicação na rede social X (antigo Twitter), Luís Montenegro escreve que no último ano participou em 18 debates no Parlamento com todos os líderes partidários e que "a democracia deve respeitar que numa coligação possam intervir todos os parceiros com representação parlamentar".
Ainda assim, garante: "Não fujo a nenhum debate. (...) E a campanha eleitoral não acabará sem me cruzar em debate com todos."
Em reação, também numa publicação nas redes sociais, o secretário-geral do PS considera que "a recusa de Luís Montenegro em debater com o BE, o Livre e o PAN é inaceitável”.
“Fugir ao debate revela medo e um padrão preocupante num candidato a primeiro-ministro”, acusa, garantindo que o PS vai participar em todos os debates.
Pedro Nuno Santos refere também que o ainda primeiro-ministro já tinha dito que “tem mais que fazer do que responder aos deputados” e que “evita os jornalistas”.
E agora divide os partidos entre partidos de primeira e de segunda. Os debates são essenciais para a democracia e para a relação de confiança entre eleitos e cidadãos. Não podemos enfraquecer o pluralismo democrático.
Já o atual ministro da Defesa e presidente do CDS-PP, Nuno Melo, diz perceber que certos partidos “possam ter receio de debater” consigo nas televisões, afirmando estar “sempre à disposição” para o fazer.
Do lado do PCP, Paulo Raimundo salienta que, na campanha para as últimas legislativas, em 2024, Luís Montenegro também tinha inicialmente recusado debater com o secretário-geral do PCP. "Depois não foi isso que aconteceu, como sabem. Teve de enrolar a corda e debatemos. Foi um debate interessante e bom, tal e qual como vai ser este: um debate duro, certamente, duro e bom", acrescenta.
O BE diz que "não há uma razão justificada" para Luís Montenegro escolher com quem quer ou não debater e desafia-o a enfrentar todos os partidos.
"Não é assim que funciona a democracia", critica Mariana Mortágua, não recusando, no entanto, debater com Nuno Melo.
