"Não se brinca com a democracia." Vasco Lourenço pede demissão de procuradora-geral da República
"O receio que tenho é que se possa estar a caminhar na judicialização da democracia, porque o poder judicial tem o seu lugar, não pode fazer golpes de estado", disse o presidente da Associação 25 de Abril.
Corpo do artigo
O presidente da Associação 25 de Abril, Vasco Lourenço, acusa a procuradora-geral da República, Lucília Gago, de brincar à democracia, no ano em que celebra meio século de existência.
"Quando o primeiro-ministro é forçado - entre aspas – a demitir-se e ainda não está constituído arguido numa altura destas, qual é o papel de quem o forçou a demitir-se? Já se devia ter demitido, foi a procuradora-geral da República, porque não se brinca com a democracia e, na minha opinião, tem havido muita gente a brincar com a democracia", disse Vasco Lourenço, questionado pelos jornalistas à margem da apresentação do programa das comemorações do 25 de Abril, que decorreu esta quarta-feira em Lisboa.
O presidente da Associação 25 de Abril deixa outras críticas à atuação da Justiça: "Tem-se dado para a comunicação social, através de meios privilegiados, fugas de informação para fazer um julgamento na praça pública. Quando se vai prender alguém, alguma comunicação social chega lá primeiro. Isto não é próprio de um Estado democrático e, portanto, há que encarar estes problemas também e não ir atrás do grande ruído que é feito com essas situações."
Vasco Lourenço defende que a Justiça não pode, em momento nenhum, fazer golpes de Estado.
"O receio que tenho é que se possa estar a caminhar na judicialização da democracia, porque o poder judicial tem o seu lugar, não pode fazer golpes de estado como eu considero que tem vindo a fazer no mundo e que em Portugal se fizeram. Portanto, a minha esperança é que se ataquem os problemas, se ataquem as corrupções, etc. Agora, cuidado, que estar a fazer um julgamento na praça pública como muitas vezes se faz, sem provas, estar a criar situações como estão a criar, a democracia aí pode estar em perigo", argumenta.