"Não sou um líder de transição." PS de Pedro Nuno tenta romper com PS de Costa
Pedro Nuno Santos, ao que apurou a TSF junto de fontes na reunião do partido, afirmou-se como um líder de longo prazo.
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Pedro Nuno Santos alinhou a estratégia com António Costa para a campanha eleitoral, mas a derrota “tangencial” para a Aliança Democrática marca o início de um novo ciclo, numa tentativa de recuperar o eleitorado descontente. E o secretário-geral socialista, eleito há quatro meses, deixa um aviso para quem tenha a tentação de fazer-lhe frente: não é um líder de curta duração.
O discurso de abertura da comissão nacional do PS, que decorreu em Viseu, foi à porta fechada, ao contrário do que era habitual com António Costa, mas Pedro Nuno Santos, ao que apurou a TSF junto de fontes na reunião do partido, afirmou-se como um líder de longo prazo.
“Não sou um líder de transição”, atirou, mostrando que “está para ficar”. Os resultados das eleições europeias, mesmo que não sejam favoráveis ao PS, não abalam a liderança de Pedro Nuno Santos, com outros dirigentes a defenderem que o atual secretário-geral deve liderar o partido nas próximas legislativas.
Na última reunião da comissão política do PS, na quinta-feira, José Luís Carneiro e Fernando Medina falaram aos jornalistas (um à chegada, outro à saída), mas mantiveram as vozes silenciadas perante os socialistas, o que causou desconforto aos apoiantes de Pedro Nuno Santos. José Luís Carneiro, que tem assento na comissão nacional, não marcou presença na reunião.
Pedro Nuno Santos pediu, perante os membros da comissão nacional, que “discutam” dentro de portas, nos órgãos do partido, e não aos microfones da comunicação social.
O antigo candidato à liderança defendeu que a “praticamente impossível” viabilização do Orçamento de Estado da Aliança Democrática, de Pedro Nuno Santos, é uma discussão “extemporânea”. Fernando Medina admitiu que um orçamento retificativo, proposto por Pedro Nuno Santos, pode não ser necessário.
Carlos César: "Espero que o excedente não seja um excesso"
Na noite eleitoral, Pedro Nuno Santos empurrou o partido para a oposição, ainda sem os últimos votos contados, “renovando o partido e procurando recuperar os portugueses descontentes com o PS”. Acrescentou que, depois de António Costa, “o caminho” para uma nova fase no partido “começa hoje”.
É esse o caminho que Pedro Nuno Santos já está a traçar, rompendo com a estratégia de António Costa. Foi Carlos César, um dos principais conselheiros do secretário-geral socialista, a dar o tiro de partido. À chegada à comissão nacional do PS, perante o excedente orçamental que deverá ficar acima do previsto, disse esperar que “o excedente não seja um excesso”.
“Se não fosse presidente do PS, diria apenas: espero que o excedente não seja um excesso”, atirou, despindo o fato de dirigente socialista.
Há matérias para as quais o Governo de António Costa não deu resposta, como aos professores e às forças de segurança, e Pedro Nuno Santos já defendeu, durante a campanha eleitoral, que o excedente orçamental deve ser gasto “com o povo”.
Duas semanas depois das eleições legislativas, com a vitória da Aliança Democrática, o PS reuniu a comissão nacional, pela segunda vez no mandato de Pedro Nuno Santos. A reunião acontece dois dias depois de a direção alargada do partido também se ter juntado no Largo do Rato, para analisar os resultados eleitorais.
Pedro Nuno Santos afirma, desde a noite eleitoral, que o PS vai ser oposição ao futuro Governo de direita, apesar da derrota tangencial para Luís Montenegro. Mostrou-se, no entanto, disponível para dialogar em “matérias de consenso”, sublinhando que é “praticamente impossível” a viabilização de um Orçamento do Estado.