No programa O Princípio da Incerteza, António Lobo Xavier antecipa "dificuldades" no caso de Luís Montenegro formar um governo minoritário.
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Portugal não terá um "Governo como estamos habituados", alertou este domingo António Lobo Xavier. Os resultados da noite eleitoral estiveram em debate no programa O Princípio da Incerteza, da TSF e CNN Portugal, tendo os comentadores antecipado um período de “instabilidade”.
Perante a derrota do PS, Alexandra Leitão começou por avisar que ninguém deve esperar que os socialistas sejam uma “muleta” de um Governo do PSD, nem que aprovem um orçamento com o qual não concordam.
Alexandra Leitão destacou ainda “o resultado muito expressivo” do partido de André Ventura e criticou a postura do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, "não alheia ao que veio acontecer”.
“Não posso deixar de acrescentar que o facto de o partido que emerge como terceira força ser um partido com as características do Chega, naturalmente, que me deixa muito preocupada”, atirou.
“O Presidente da República foi um fator de instabilidade do sistema no sistema. Aliás, ainda na sexta-feira um jornal traz no título um posicionamento da Presidência que não foi desmentido e que pode ter tido interferência direta nos resultados eleitorais”, acrescentou, referindo-se ao artigo do Expresso que afirmava que Belém tudo fará para evitar o Chega no Governo.
Já José Pacheco Pereira considerou que “a vitória da direita é muito maior do que aquela que se refere” e alertou para o risco de “um Governo fraco” neste momento da História.
“Vamos entrar num período que não é meramente de instabilidade do ponto de vista formal. Vai ser um período de instabilidade funcional, de conteúdo e, portanto, estamos numa situação péssima”, disse Pacheco Pereira.
“Péssima numa altura em que em matérias de defesa, relações externas, guerra na Ucrânia, posições do que se passa em Israel, nós temos obrigação de ter um Governo forte”, acrescentou.
A ideia de fragilidade também foi recuperada pelo advogado e antigo dirigente do CDS António Lobo Xavier, que salientou que “um partido com 30% pode tentar governar, fazer negociações (...), mas não se pode esperar que cumpra completamente com o programa.”
Perante um cenário de Governo de minoria liderado por Luís Montenegro, Lobo Xavier disse que a AD pode ter “dificuldades em colocar em vigor as mudanças que prometeu ao país”.
“Não teremos um Governo como estamos habituados”, concluiu.