Negociar com Chega? Rangel admite que Governo avaliará caso a caso e PS não é preferencial
Paulo Rangel lembra que já houve “convergências” parlamentares entre o PS e o Chega, citando “a rejeição da moção de confiança”
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O ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, afirmou esta terça-feira, em Bruxelas, que um futuro Governo da Aliança Democrática (AD) estará disponível para dialogar com todas as forças políticas no Parlamento, incluindo o Chega, afastando a imposição de “cordões sanitários” à direita. No entanto, afasta um cenário de coligação com o partido de André Ventura, lembrando que “não é não”.
“Sendo convidado o doutor Luís Montenegro para formar Governo, nós formamos um Governo da AD e esse Governo estará disponível para, no Parlamento, falar com todas as forças políticas”, declarou Paulo Rangel, à margem da primeira reunião europeia em que participa após as eleições legislativas, que mudaram o espectro político do Parlamento português.
Questionado sobre se o Partido Socialista (PS) seria um parceiro preferencial para viabilizar a governação, o ministro respondeu que, “à partida”, os socialistas estão em pé de igualdade com o Chega. Rangel sublinhou que não existe “nenhum bloqueio para, medida a medida, [o Governo] negociar no Parlamento”.
Na sua perspetiva, trata-se da dinâmica própria dos governos minoritários, que até pode traduzir-se na “vantagem” de nas medidas aprovadas “representar (...) diferentes segmentos da população”.
Sobre a possibilidade de manter o Chega afastado do poder executivo, Paulo Rangel foi categórico: “Conhecem a doutrina do ‘não é não’, já falei sobre isso”, reiterando a posição da AD de não formar coligações com o partido Chega.
Por outro lado, lembrou que já houve “convergências” parlamentares entre o Partido Socialista e o Chega, citando a rejeição da moção de confiança apresentada pelo Governo de Luis Montenegro.
“Há imensas medidas que foram aprovadas, incluindo… até há medidas que foram tomadas. A reprovação da moção de confiança foi uma convergência do Partido Socialista e do Chega que nos trouxe a eleições. Não é? E, ninguém diz que isso é a violação do cordão sanitário”, afirmou, quando questionado sobre se o governo deixaria cair em Portugal a medida seguida em Estrasburgo, através da qual “os partidos democráticos” isolaram a “extrema direita”.
Assim, admitiu que possa haver entendimentos pontuais com o Chega: “Os resultados eleitorais são os que são, mas nós temos que respeitar a vontade dos eleitores”, disse, deixando em aberto negociações “caso a caso” no Parlamento.