"Ninguém falou de habitação no Orçamento do Estado." Roseta acusa PS de ignorar problema
Um dia depois de apresentar a demissão do cargo de coordenadora do grupo de trabalho sobre a Habitação, Helena Roseta deixou críticas ao modo como o PS tem vindo a adiar a resolução da falta de casas.
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Helena Roseta acusa o PS de assobiar para o lado na questão da habitação. Em entrevista à TSF, a deputada, que se demitiu da coordenação do grupo de trabalho parlamentar da Habitação , Reabilitação Urbana e Políticas de Cidades, afirmou que o problema foi esquecido durante a preparação do Orçamento do Estado para 2019 (OE2019).
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"Nas negociações do Orçamento ninguém falou de habitação", denunciou a deputada socialista. Helena Roseta contou à TSF que insistiu junto do Governo e da direção do grupo parlamentar socialista, mas que só quando terminou o OE2019 é que o PS decidiu olhar para o assunto, para depois afirmar que já não havia tempo para negociar o pacote com os outros partidos, e adiar a votação.
"Não pode ser assim, não vale a pena empurrar as coisas com a barriga sem fazer o trabalho que tem de ser feito", criticou.
Helena Roseta fala em "falta de bom senso e vontade política" para "dar passos em direção às propostas" de cada partido. "Se ninguém sair da sua posição, ficam todos contra todos", alertou.
"Quando se negoceia com outros partidos, seja à esquerda, seja à direita, alguém tem de ceder. Nós não podemos negociar exigindo que votem exatamente aquilo que propusemos inicialmente. E o Governo e o Partido Socialista vão ter de o fazer, se querem aprovar as suas propostas", atirou a deputada.
Helena Roseta lembra que a escassez de habitação é um "problema urgente" e que não se pode "continuar a adiar" soluções. "É generalizado no país: em Lisboa e no Porto tem uma grande expressão, nas cidades universitárias faltam residências para estudantes, no Algarve faltam residências para os trabalhadores,... Falta habitação acessível. Portanto, temos que resolver isto, de uma maneira ou de outra", defendeu.
A deputada socialista, que alegou o "dever de consciência", quando apresentou a demissão do grupo de trabalho, esta segunda-feira, indica que a decisão não foi repentina. "Há meses que andamos a discutir estas matérias. Isto é uma consequência de um trabalho que começou há muitos meses", garantiu.
Helena Roseta diz, apesar de tudo, que não vai baixar os braços quanto a este problema. "Vou continuar a bater-me com mais garra e com mais força ainda", garantiu.
Hugo Pires foi o nome escolhido pelo PS para substituir Helena Roseta . Arquiteto de profissão, o deputado socialista é também o secretário nacional do PS para a Organização e antigo presidente da concelhia de Braga.