O antigo secretário de Estado do Tesouro e das Finanças, João Moreira Rato, considera que há medidas incluídas na proposta que "carecem de lógica". "Às vezes não ter estratégia pode ser uma estratégia", disse Nogueira Leite depois de questionado sobre a estratégia do governo de António Costa.
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"O problema, neste momento, é que parece existir um conjunto de situações que nos levam a ter preocupações quanto àquilo que venha a ser a execução [orçamental]", afirmou Nogueira Leite durante as jornadas parlamentares do PSD, em Santarém.
O ex-conselheiro económico de Pedro Passos Coelho e membro do conselho nacional do PSD entre 2008 e 2011 foi, a par do economista João Moreira Rato, um dos convidados do grupo parlamentar do PSD para participar no painel dedicado ao tema "Finanças Saudáveis - País Credível e Atrativo".
Durante o debate, Nogueira Leite deu como exemplo do orçamento dedicado ao setor da saúde para salientar o que entende como pontos fracos do documento: "Basta pensar no orçamento da Saúde que, à primeira vista, não é muito facilmente compreensível. E, em Orçamento do Estado, quando as coisas não são facilmente compreensíveis significa que a execução é muito difícil".
Com Maria Luís Albuquerque na primeira fila, o antigo secretário de Estado e o economista João Moreira Rato foram ainda questionados pela ex-ministra das Finanças sobre a proposta orçamental.
"Normalmente um Orçamento do Estado é, ou deve ser, um elemento fundamental na definição da estratégia de política económica e eu queria saber se, na versão atual do orçamento, conseguem descortinar alguma", foi a pergunta lançada ao painel por Maria Luís Albuquerque.
Na resposta, Nogueira Leite afirmou que "por vezes não ter estratégia pode ser uma estratégia", salientando que se trata de um orçamento "contracionista", por oposição às previsões de um orçamento "expansionista".
O antigo secretário de Estado disse ainda que algumas das medidas incluídas na proposta de Orçamento "carecem de lógica", acrescentando, como exemplo dessa falta de lógica, não perceber o porquê de o documento "beneficiar os empresários da hotelaria".
Por outro lado, João Moreira Rato elegeu "o desafio do crescimento" como aquele que o maior para o atual governo.
"No fundo, este crescimento é bastante desapontante, depois de se ter saído de um programa de ajustamento como Portugal saiu", disse o economista, que salientou ainda a necessidade de o país reduzir a dívida pública, libertar recursos para investimento no setor produtivo e diminuir a dependência financeira de políticas externas.