"Nós vamos até Gaza, independentemente de qualquer ameaça." Mortágua aponta o dedo a Israel por causa do ataque à flotilha humanitária
Depois do ataque com um drone, a líder do BE, tripulante na flotilha humanitária com destino a Gaza, lembra na TSF que o Governo de Netanyahu tem um historial de "sabotar" a ajuda humanitária. Mariana Mortágua defende que Portugal e a União Europeia têm o dever de proteger a embarcação — que tem bandeira portuguesa
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"Nós vamos até Gaza, independentemente de qualquer tipo de ameaça, intimidação ou ação", garante na TSF Mariana Mortágua, horas depois do Barco da Família, que integra a flotilha humanitária com destino à Faixa de Gaza, ter sido atacado por um drone.
A deputada e líder do Bloco de Esquerda assinala que a embarcação foi atingida quando estava ao largo do porto de Tunes, na Tunísia, numa altura em que o português Miguel Duarte estava a fazer a vigilância do barco (como se vê no seguinte vídeo). "Fazemos turnos para vigiar o navio para ter a certeza que não há nenhum tipo de operação de sabotagem ou ataque, como já aconteceu anteriormente, com outras missões. Estavam quatro elementos da tripulação e parte da equipa de voluntários, quando um drone sobrevoou o barco e lançou um dispositivo incendiário", conta.
Mariana Mortágua afirma que o drone acabou por criar "um grande incêndio", com danos não permanentes.
Durante o dia de hoje, vamos ao porto, tentar perceber o que ficou afetado e fazer os arranjos necessários no barco para podermos continuar, mas é um incêndio que poderia ter posto em risco a vida de todos os passageiros
Ainda não é possível prever quando é que o barco volta a navegar, até porque está prevista uma tempestade para quarta-feira.
Da mesma forma, não é possível determinar a origem do drone, mas a líder bloquista não tem dúvidas sobre as motivações por trás deste ataque. "Nós sabemos que, já no passado, outros drones acompanharam estas embarcações, e esta embarcação em particular, e nós já vimos os drones à nossa volta. Sabemos também que Israel tem um historial de intercetar, sabotar, atacar e boicotar missões humanitárias", lembra igualmente.
A deputada lamenta ainda a posição que tem sido assumida pela União Europeia (UE) e pelo Executivo português. Descreve como "incompreensível" o aviso da UE sobre o risco inerente à viagem. "Corremos riscos de quê? O mundo sabe que o risco é de um ataque do Governo de Israel, que pode vir a atingir a flotilha humanitária que cumpre a lei internacional", afirma a líder do Bloco de Esquerda, defendendo que "a Comissão Europeia e o Governo português têm a responsabilidade, não de impedir a ajuda humanitária, porque isso é ceder à chantagem dos criminosos, mas a obrigação de proteger a flotilha".
Salienta que o barco atingido tem a bandeira portuguesa e tinha um português a bordo no momento do ataque. Mariana Mortágua critica o Executivo de Luís Montenegro pela falta de medidas contra Israel.
Se fosse qualquer outro povo que estivesse a ser assassinado, alvo de um genocídio em direto, se contra qualquer outro povo estivesse a ser usada a fome, a doença, a falta de água, as ocupações ilegais de terras, bombardeamento de edifícios residenciais, de jornalistas, de ajuda humanitária, qual seria a posição dos nossos Governos?