Novo sistema para cirurgias adicionais entra em testes na próxima semana. Valores pagos no Santa Maria “são possíveis, mas não habituais”
Ana Paula Martins revela que o Ministério da Saúde está a trabalhar com o Ministério da Justiça e com a Polícia Judiciária para uma unidade de combate à fraude para fiscalizar os recursos humanos
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A ministra da Saúde admite que não é habitual um cirurgião ganhar 400 mil euros em dez dias, como aconteceu no Hospital de Santa Maria, na polémica com o dermatologista Miguel Alpalhão. Ainda assim, Ana Paula Martins reconhece que é possível desde que o médico trabalhe para chegar a esses valores. Ouvida na Assembleia da República, Ana Paula Martins pede, no entanto, que não se tirem conclusões antes do tempo e adianta que o relatório da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde vai ser conhecido em breve.
“É possível trabalhar tanto para se conseguir chegar a esses valores. Agora, se me pergunta: ‘É habitual?’ Não é habitual. Há uma coisa que eu também quero deixar clara: até se comprovar que existiram infrações, eu diria que não é prudente tirar conclusões”, diz.
A atual ministra da Saúde já liderou o Hospital de Santa Maria como presidente do conselho de administração em 2023 e garante que nunca identificou qualquer situação anómala. Admite, no entanto, que o sistema precisa de ser melhorado e adianta que na próxima semana uma nova ferramenta vai ser testada em três unidades hospitalares para evitar ganhos excessivos.
“A partir desta próxima semana, vamos iniciar o projeto SINAC em três unidades hospitalares para poder fazer o teste às plataformas e ao processo”, refere.
Ana Paula Martins revela ainda que o Ministério da Saúde está a trabalhar com o Ministério da Justiça e com a Polícia Judiciária para uma unidade de combate à fraude para fiscalizar os recursos humanos.
“Esta unidade incidirá sobre as despesas com recursos humanos e com as convenções. Temos de trabalhar em conjunto, não sabemos ainda quem vai dirigir a unidade, mas será certamente alguém ligado às áreas de combate à fraude”, explica.
Sem que a pergunta surgisse, Ana Paula Martins antecipou a resposta e garantiu que não vai desistir, recusando estar à espera dos relatórios da IGAS para tomar decisões: “Não vou desistir de fazer aquilo que temos para fazer e não estou à espera da IGAS, nem o senhor diretor-executivo, nem o presidente dos conselhos de administração de todas as ULS do país, ninguém está à espera da IGAS para tomar as medidas que têm de ser tomadas. As inspeções são importantes quando estão em causa suspeitas de infração."