O antigo primeiro-ministro português José Sócrates acusa o ministro da justiça do Brasil de ser um juiz "indigno", um político "medíocre" e uma pessoa "lamentável".
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"Impossível ler a declaração do Ministro da Justiça brasileiro sem um esgar de repugnância." Começa por se expressar assim José Sócrates, depois das acusações de Sérgio Moro ["Não debato com criminosos pela televisão"] , relativas ao alegado envolvimento do antigo primeiro-ministro português na Operação Marquês.
Sócrates acredita que o comentário de Moro "põe em causa os princípios básicos do direito e da decência democrática", e rebate: "Não, nunca cometi nenhum crime nem fui condenado por nenhum crime. Não posso aceitar ser condenado sem julgamento, muito menos por autoridades brasileiras".
Na nota escrita esta quarta-feira e enviada às redações, o político português remete para a intenção de Bolsonaro de celebrar o golpe militar brasileiro de 1964 , que iniciou a ditadura militar no país, e acusa Moro de conivência com a postura do Presidente do Brasil. "Na Europa conhecemos bem o ovo da serpente. Conhecemos o significado das palavras de agressão, de insulto e de violência política. Conhecemos o significado dos discursos governamentais que celebram golpes militares, defendem a tortura e recomendam o banimento dos adversários políticos. E até conhecemos o significado do silêncio daqueles que assistem a tudo isto como se nada fosse com eles", são as palavras do político socialista.
Sérgio Moro, que foi o juiz responsável pela condução da Operação Lava Jato, é ainda acusado de ser "como juiz, indigno; como político, medíocre; como pessoa, lamentável".