É com estas palavras que António Costa recorda Mário Soares, num texto publicado esta manhã no Diário de Notícias.
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O primeiro-ministro fala de um homem que foi sempre à luta em todos os combates que travou, nem sempre compreendido, mas sempre capaz de se antecipar ao tempo.
"Sempre livre como um pássaro", escreve o primeiro-ministro ao lembrar a citação de Teixeira Gomes, que Mário Soares exclamou quando os jornalistas o abordaram depois da queda de um dos governos que liderou.
"Como é que se sente? Livre como um passarinho", foi a resposta pronta de Mário Soares e neste exemplo António Costa encontra a imagem de um homem que nunca existiu pelo poder mas pela liberdade.
"Uma longa vida de combate, um número ímpar de batalhas, uma firmeza de convicções que lhe dava força e coragem para todas as ruturas. Soares esquecia agravos, sabia criar amizades com adversários, conciliar os inconciliáveis".
"Nem sempre o acompanhei", diz António Costa neste texto, reconhecendo que no essencial era ele que tinha razão. "Soares foi seguramente quem melhor interpretou o papel de presidente no sistema português como primeiro-ministro", Costa considera que deixa um legado que tem sido muito subestimado.
No plano pessoal, fala de um homem que aos 89 anos foi confrontado com a mortalidade. Depois da encefalite sofrida há 3 anos, António Costa visitou-o e registou uma indisfarçada surpresa de Soares ao dizer-lhe: "Sabe que eu podia ter morrido".
28 de abril de 74 é uma data registada na memoria do primeiro-ministro, a primeira vez que viu Mário Soares aclamado na varanda de Santa Apolónia, acabado de chegar do exílio.
A última foi a 23 de julho de 2016, quando o governo o homenageou nos 40 anos da posse como primeiro-ministro.