Nuno Melo apela aos eleitores do Chega, Joana Mortágua fala em "venturização" da AD
O líder do CDS apelou à concentração dos votos da direita na AD, enquanto a dirigente do Bloco de Esquerda diz que mais quatro anos de Governo da AD "não é uma promessa, é uma ameaça de despejo"
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AD - Coligação PSD/CDS e Bloco de Esquerda debateram-se esta quarta-feira e de novo sem os principais líderes. Tal como aconteceu no debate frente ao Livre, Nuno Melo voltou a substituir Luís Montenegro e, em resposta, o Bloco de Esquerda apresentou-se com Joana Mortágua e não com Mariana Mortágua.
O líder do CDS-PP deixou um apelo direto à concentração dos votos da direita na AD, reiterando que Montenegro só governará se vencer as eleições.
"O primeiro-ministro foi claríssimo: só governa se vencer as eleições, não governa com o chega e isso traz-nos a consequência óbvia de que os eleitores, principalmente os eleitores do centro de direita, devem perceber que se AD não vencer as eleições, o que será normal é que então viesse a ser o Partido Socialista e o Pedro Nuno Santos a governar", avisa Nuno Melo no debate transmitido pela RTP.
Além disso, pisca o olho a quem votou no Chega há um ano: "Houve muitos eleitores que, por se julgarem de direita, votaram no Chega achando que o Chega traduziria qualquer coisa nesse espaço político. Fez cair três governos de centro-direita em Portugal, o que é notável. Fez cair o Governo Regional dos Açores, fez cair o Governo Regional da Madeira e fez cair o Governo da República. Ora, eu peço a esses eleitores é que percebam que o seu voto foi um voto que, do ponto de vista do espaço político do centro-direita, não teve realmente muita utilidade. E daí o apelo que eu faço é que percebam da importância, neste caso, de concentrarem votos na Aliança Democrática."
Pelo lado bloquista, Joana Mortágua apropriou-se das palavras de Pedro Nuno Santos e também acusou o PSD de "venturização".
"A montenegrização da política portuguesa é a aproximação do PSD ao Chega em temas fundamentais de princípios de direitos humanos. É uma venturização da política do PSD em temas em que acha que para disputar com a extrema-direita, tem de se aproximar da extrema-direita. Foram vários os casos. Não creio que haja uma montenegrização da política portuguesa, a não ser que isso signifique o desastre das políticas de habitação e o desastre da saúde", disse Joana Mortágua.
A dirigente do Bloco de Esquerda deixou ainda uma farpa a Nuno Melo e ao CDS-PP, quando o líder centrista a corrigiu a dizer que o Governo é da AD e não do PSD: "No modelo de economia que PSD defende, celebra-se de cada vez que uma casa custa mais em Lisboa do que em Berlim. Aquilo que o Governo do PSD propõe são mais de quatro anos disto. Mais quatro anos disto não é uma promessa, é uma ameaça de despejo. Deixe-me só responder uma coisa ao Nuno Melo, que está aqui a dizer que é o Governo da AD, eu ouvi o hino da AD. O hino da AD é ‘deixem o Luís trabalhar’. Esqueceram-se de si. Não é ‘deixem o Luís e o Nuno trabalhar’."