A mais de 14 mil quilómetros de distância e com uma diferença horária de oito horas, os timorenses preparam-se para festejar em grande a conquista da liberdade para os portugueses e o primeiro passo para a autodeterminação do povo.
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A chegada de José Ramos Horta a Lisboa, na véspera do 25 de abril, teve honras de transmissão em direto na Rádio Televisão Pública de Timor.
"A embaixada de Portugal (em Díli) fica na esquina da Rua 25 de abril", agora mesmo, estão a pintar um mural, conta à TSF, por telefone, Manuela Bairos. A embaixadora confessa que gostaria, mas é impossível comparecer em tantas iniciativas, "algumas em simultâneo".
Ajuda muito o governo ter decretado tolerância de ponto, "é essencial, sobretudo para os mais novos, os que têm menos noção do que a data significa".
Tanto entusiasmo timorense com uma data tão portuguesa só pode explicar-se pelo amor à liberdade.
"O 25 de abril abriu caminho à autodeterminação de Timor", lembra Manuela Bairos. A 28 de novembro de 1975, Timor decreta a independência de Portugal, mas a autodeterminação haveria de tardar, haveria de custar ainda 24 anos de ocupação indonésia.
Em 2024, abril chega a Timor em ambiente de festa. Nas escolas, nas ruas e até no histórico Hotel Timor, "há um concerto, são 13 artistas timorenses que vão interpretar canções de abril".
Ajuda muito o governo ter decretado tolerância de ponto, "é essencial, sobretudo para os mais novos, os que têm menos noção do que a data significa". A embaixadora de Portugal está particularmente sensibilizada com o voto de congratulação, aprovado no Parlamento de Timor-Leste, "foi por unanimidade e acompanhado por um enorme carinho".
Quase perfeito, o clima na véspera da grande comemoração em Timor, só faltam mesmo... os cravos.
"Não há, verdadeiros aqui não há. Mas temos papel crespo, as escolas fizeram muitos cravos vermelhos", mas o mais importante afirma a embaixadora que tinha 12 anos quando esse outro abril aconteceu, a 14.400 km de distância, "o espírito é o que interessa, a festa, e que a democracia seja sempre defendida".