"O 25 de Abril foi belo, a mais bela revolução do século XX, e é nossa". Tavares alerta para os perigos da extrema-direita
Os ditadores “contavam com que os portugueses tivessem sempre medo e não coragem”.
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O porta-voz do Livre lembrou esta quinta-feira o 25 de Abril de 1974 como a "mais bela revolução do século XX", data que considerou única, apelando a um país "cheio de desejos de objeto político" contra os inimigos da revolução.
"A razão pela qual o 25 de Abril deu a volta ao mundo é porque foi a mais bela revolução do século XX, e é nossa", considerou Rui Tavares, na Assembleia da República, onde decorre na sessão solene comemorativa do cinquentenário do 25 de Abril de 1974.
Numa intervenção fortemente aplaudida pela bancada do Livre mas também do PS, Rui Tavares entende que o 25 de Novembro deve ser celebrado, porque “todos esses dias que nasceram do 25 de Abril são importantes e dizem-nos muito”. Ainda assim, “esses dias as são incomparáveis com o dia que os criou”.
Tavares lembrou que, desde há 50 anos, tudo o que se tem feito é “celebrar Abril”, como o salário mínimo, Serviço Nacional de Saúde ou a educação. Os portugueses orgulham-se “do neto que está na universidade”, não é do carro que compraram, “e isso é cumprir Abril”.
Alertou igualmente que quem "deseja o poder" quer sempre "estar nas bocas do mundo" e, para isso, "a melhor maneira é menosprezar ou profanar o 25 de Abril". “Para os inimigos do 25 de Abril a fasquia está muito alta. Reparem no ambiente atual que vivemos pelo mundo”, afirmou, numa alusão à extrema-direita.
"Por isso, peco-vos, não lhes demos esse prazer", apelou, defendendo que "é enchendo o país de objetos de desejo político" que o país poderá continuar a "sonhar abril".
"Em cada quartel vazio imaginemos uma residência de estudantes, em cada aldeia despovoada imaginemos um novo projeto sustentável e solidário para várias gerações. Imaginemos um país que já é de ponta nas energias renováveis ou na ecologia, imaginemos uma economia do conhecimento que de o justo valor a todos", defendeu.
Tavares iniciou a sua intervenção a falar de "sonhos e pesadelos", lembrando a sua mãe, Lucília, que na época da ditadura "tinha pesadelos com o ditador" e a quem era dito: "Cuidado, Lucília, se tivesse mais educação já estava presa".
O deputado do Livre e historiador salientou que o 25 de Abril de 1974, que derrubou uma ditadura de 48 anos, "iniciou a terceira vaga de democratização no mundo", e enumerou algumas das conquistas desde então, como o aumento das qualificações da população, as férias pagas, o salário mínimo nacional ou o Serviço Nacional de Saúde.
No final, pediu que o parlamento faça uma homenagem, através de uma estátua, às mulheres do país. "Nós temos aqui mesmo ao lado um pedestal vazio para uma estátua que nunca decidimos qual seria. Essa estátua, sugiro eu, que seja daquela mulher, pode ser a dona Celeste que saiu com a sua braçada de cravos no dia 25, pode ser Aurora, Laurinda, Maria Albertina, Miquelina, eu chamo-lhe apenas dona liberdade. Uma mulher comum portuguesa que inventou o mais belo símbolo revolucionário, que deu a volta ao mundo, e que deve ser celebrada. Porque essas mulheres, incluindo aquelas que vieram para aqui às quatro da manhã pôr esta sala bonita, merecem e nós precisamos", rematou.
