O candidato da AD considerou que a visita de Zelensky foi um dia "feliz" para a democracia. Uma afirmação que provocou, por razões diferentes, a crítica dos candidatos do PS e da CDU
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No dia em que o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, fez uma visita relâmpago a Portugal, o tema motivou uma acesa troca de palavras entre Sebastião Bugalho, Marta Temido e João Oliveira no debate a oito na RTP.
O cabeça de lista da AD às europeias considerou que a visita do Presidente da Ucrânia a Portugal traduziu-se num "dia de festa", levando a número um socialista a apontar a "brutal imaturidade" revelada por essa afirmação.
"É um dia de festa para a democracia portuguesa", afirmou o cabeça de lista da AD ao Parlamento Europeu.
Sebastião Bugalho disse tratar-se de um "dia de festa" porque Portugal mostrou, no ano em que assinala os 50 anos do 25 de Abril, que está "ao lado da paz, da Europa e dos ucranianos".
Entendimento diferente teve a candidato do PS, Marta Temido, que contra-atacou apontando imaturidade a Bugalho ao dizer que é um "dia de festa" um Presidente de um país em guerra vir pedir ajuda a outro país.
"É uma demonstração de imaturidade brutal dizer que hoje é um dia de festa", insistiu.
Discórdias à parte, a cabeça de lista do BE, Catarina Martins, frisou que "não deve haver ligeireza nesta discussão" e que a Ucrânia tem direito a defender-se.
O primeiro da lista da IL, João Cotrim de Figueiredo, defendeu que Portugal deve continuar a apoiar incondicionalmente a Ucrânia para que este país "reganhe a sua soberania" e decida se quer pertencer à União Europeia e à NATO.
Por seu lado, o candidato do Chega, Tânger Corrêa, sublinhou que para haver paz tem de haver força porque "não é uma Ucrânia em estado de fraqueza que vai negociar a paz".
Para o candidato da CDU, João Oliveira, insistir em dar armas à Ucrânia não é apoiar aquele pais, apoiar seria insistir num acordo de paz.
Do lado do PAN, Pedro Fidalgo Marques, alertou que além de olhar para a questão do drama humanitário naquele país em guerra é preciso olhar para a questão ambiental, nomeadamente para a contaminação dos solos.
Na visão do candidato do Livre, Francisco Paupério, cabe à Ucrânia decidir como "ataca esta guerra", lembrando que "há sempre o risco de este conflito escalar".
O Presidente da Ucrânia deixou Lisboa na terça-feira ao início da noite, após uma visita de cerca de seis horas.
O avião que transportou Zelensky descolou às 21h02 de Lisboa, onde tinha aterrado pelas 14h50, depois de o chefe de Estado ucraniano ter estado em Bruxelas durante a manhã e em Madrid na segunda-feira.
Bugalho e Temido trocam acusações sobre políticas de imigração
Os candidatos da AD e do PS às eleições europeias trocaram acusações sobre as propostas políticas europeias para a imigração no debate na RTP com todos os partidos com representação parlamentar.
No debate, emitido pela RTP a partir do campus da Universidade Nova SBE, em Carcavelos, a cabeça de lista socialista, Marta Temido, acusou a Aliança Democrática de fazer parte do lote de partidos que quer alterar o pacto europeu em matéria de migrações e asilo por estar a pensar em "colocar os migrantes que chegam à Europa no Ruanda, como diz o Partido Popular Europeu" ou de construir muros.
A esta associação de ideias, o cabeça de lista da AD, Sebastião Bugalho, respondeu acusando Marta Temido de dizer "inverdades" sobre a sua candidatura ao insinuar que os sociais-democratas eram a favor da política de deportação de requerentes de asilo para o Ruanda, à semelhança do que tem acontecido no Reino Unido.
Para contrariar as acusações, Bugalho exibiu uma notícia do jornal Público em que o título indica que ambos os candidatos são contra esta política migratória.
"A delegação portuguesa do PPE, o PSD e o CDS foram vocalmente contra essa política. Sabe quem é o autor dessa política, Marta Temido? É o Governo socialista da Dinamarca", contra-atacou Bugalho.
Ainda em matéria de migrações, o candidato do Chega, António Tânger Correia, insistiu na ideia de que o novo pacto para as migrações é "uma armadilha" e defendeu a ideia de pobreza dos imigrantes como um "rastilho que mais cedo ou mais tarde vai gerar violência".
A esta ideia, o cabeça de lista da CDU, João Oliveira, acusou Tânger Correia de defender "conceções antidemocráticas, xenófobas, racistas" para "virar o povo uns contra os outros" e deixar os migrantes à mercê de situações de clandestinidade, escravatura e miséria.
Da Iniciativa Liberal, João Cotrim Figueiredo defendeu não haver "soluções perfeitas" para a questão das migrações na Europa e acusou os adversários de fazerem "sinalizações de virtude, afloramentos de xenofobia" e "picardias internas sobre este tema".
Catarina Martins, número um da lista do Bloco de Esquerda, defendeu que o maior problema do país é "reter quem cá está" e não a "falsa guerra" criada pela extrema-direita contra "quem vem trabalhar" e precisa de integração e "documentos para não ser explorado pelas máfias".
O Livre, através de Francisco Paupério, insistiu na rejeição do partido ao pacto para as migrações e na ideia de que ao fechar fronteiras não se acaba com a imigração, mas sim "com a imigração legal". É necessário, disse, "ter projetos de inclusão nos países que são seguidos por estas pessoas" e não separar famílias e crianças.
Pedro Fidalgo Marques, cabeça de lista do PAN, criticou o que disse ser um "discurso de medo e de desinformação da extrema-direita" nesta matéria e lembrou as "situações de morte e de pobreza" enfrentadas por muitos dos migrantes que tentam chegar à União Europeia.
Numa altura em que alguns países já reconheceram o Estado da Palestina, nomeadamente Espanha, Irlanda e Noruega, e questionado sobre se Portugal deveria seguir esses exemplos, o candidato da AD considerou que tal deveria ser feito o "mais depressa possível, mas dentro de um quadro o mais multilateral possível" e PS também entendeu que Portugal não deve fazer esse reconhecimento de forma isolada, posições criticadas pelo PCP, para quem esse argumento "já não serve".
IL, Livre, BE e PAN mostraram-se favoráveis ao reconhecimento do Estado Palestiniano, ao contrário do Chega, que disse ser "completamente errado".
