A entrada triunfal do secretário-geral comunista no Avante fez-se com beijinhos, fotografias e até petiscos. Nunca, em 42 anos de Festa, Jerónimo tirou tantas selfies.
Corpo do artigo
Depois de abrir as hostilidades com um discurso recheado de críticas ao Governo socialista - mais uma vez, o PCP ataca a aproximação do PS ao PSD de Rui Rio -, é tempo de descontrair.
Jerónimo de Sousa inaugura a Festa do Avante com um pezinho de dança discreto, ao som da "Carvalhesa". O hino do Avante ecoa enquanto o secretário-geral do PCP percorre o recinto e visita as bancas da Festa.
"Ainda agora a procissão vai no adro", diz à TSF. "Vou visitar vários pavilhões, muitos stands."
A primeira paragem é uma visita à história dos famosos bonecos da aldeia de Santo Aleixo, em exposição no Espaço Central do Avante.
Jerónimo ouve as histórias dos personagens representados - e até aqui encontra traços marcantes da atualidade.
"Este é um mordomo e mestre-de-cerimónias", explica ao secretário-geral um dos organizadores da mostra. "E este é um padre, mas não cumpre os princípios da Igreja". "É um problema atual", comenta Jerónimo, entre risos.
Despachados os fantoches, o líder comunista segue viagem, neste local que conhece como a palma da mão.
Conta-nos que, desde que a Festa do Avante foi criada, há 42 anos, não falhou uma única edição. "É verdade. E não penso falhar as próximas!", acrescenta de imediato.
Nem Jerónimo, nem o resto da família. "A família vem sempre! Agora a possibilidade de convívio conjunto é mais difícil, tendo em conta as responsabilidades que tenho", lamenta. "Há ali um espacinho ou outro para estar com a família, e aproveito sempre, particularmente para estar com os netos".
E se para a família ainda se consegue algum tempo, para ver os espetáculos da Festa é que não sobra nenhum. "É mais difícil...", constata.
Ainda assim, Jerónimo de Sousa não deixa de reservar uns minutos para um bom petisco nos stands das várias regiões. "Irei jantar ao Porto [onde se servem tripas e francesinhas] ou a Setúbal [onde a especialidade é o choco frito]". Vou sempre rodando!".
Isto é... se conseguir avançar pela multidão, no meio de uma avalanche de saudações.
"Posso dar-lhe um beijinho?", pergunta uma camarada de idade mais avançada.
"Tira uma fotografia comigo?", pergunta uma criança entusiasmada.
"Tiramos aqui uma selfie!", aprontam-se dois homens de meia-idade. "Quem é que nos tira uma selfie?", perguntam (claramente, não entendendo o conceito de "selfie"). "Parecemos três irmãos! Esta é para a posteridade", comentam ao ver o resultado.
"Devo dizer que não é uma tarefa fácil, ao fim da festa são milhares de selfies", admite Jerónimo de Sousa à TSF. "Mas tem muito de afeto. As pessoas gostam de cumprimentar e incentivar o secretário-geral e acho que isso é muito bom", realça. "Não é apenas a selfie pela selfie".
Ainda assim, só nas primeiras horas do Avante, Jerónimo está já capaz de fazer concorrência ao Presidente da República no campeonato dos afetos.