“O farol, o canário e o ciúme”: a trilogia que está a dominar a campanha eleitoral
No programa O Princípio da Incerteza, da TSF e CNN Portugal, o historiador Pacheco Pereira recupera as declarações do primeiro-ministro em gestão, que afirmou este domingo que sente “a responsabilidade de ser farol do país”
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“O farol, o Canário e o ciúme” é a trilogia que está a dominar o ambiente político, defendeu este domingo o historiador Pacheco Pereira. As eleições e a campanha eleitoral estiveram em debate no programa O Princípio da Incerteza, da TSF e da CNN Portugal, onde a socialista Alexandra Leitão deixou críticas a Luís Montenegro e o ministro dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte, não rejeitou uma aliança entre o PSD e a Iniciativa Liberal (IL).
Pacheco Pereira começou por recuperar as declarações do primeiro-ministro em gestão, que afirmou este domingo que sente “a responsabilidade de ser farol do país”.
Para o constitucionalista, “é muito interessante ver Montenegro usar uma terminologia típica da tradição do socialismo, até mesmo do comunismo”.
“Associo sempre o farol à rádio Tirana, que tinha na altura uns locutores brasileiros e começava as suas emissões: ‘Rádio Tirana, o farol do socialismo na Europa.’ Portanto, agora temos outra versão do mesmo, farol”, atirou.
Relativamente à campanha do PS, Pacheco Pereira deu “os parabéns” aos socialistas “por tem posto o Canário na campanha”, que deu música durante um almoço em Famalicão.
Sou um grande fã do Canário. Se o encontro estivesse impregnado de grande liberdade política, seria interessante ver uma desgarrada.
“O ciúme tem a ver com os ciúmes de dois pretendentes e do objeto da pretendência: o PSD e depois o CDS e a IL”, prossegue, sublinhando que “a coisa tem algum interesse” numa semana onde “houve alguns arrufos e mensagens cruzadas”.
“Quando tiverem que fazer o rateio, se chegarem ao Governo, é evidente que vai ter que haver ministros da IL e, provavelmente, serão à custa dos eventuais ministros do CDS, porque tanto quanto conheço do PSD, não são muito favoráveis a estar a partilhar os bens tendo lá chegado”, defende.
Já Alexandra Leitão olha para a campanha e lamenta que Luís Montenegro tenha abusado da utilização de Fátima em dois momentos diferentes.
“Um por se encontrar, por acaso, em Fátima, na altura em que há fumo branco relativamente ao Papa. Depois, enfim, encontrou-se com a mulher que está a fazer uma perseguição”, explicou, argumentando que Luís Montenegro “tem todo o direito”, mas “escusava era de ter levado televisões atrás”.
“Fátima é um assunto sério para milhões de portugueses e, portanto, acho que essa é uma utilização que não acho bonita. Acho que Fátima não tem que entrar na campanha eleitoral”, frisa.
Também no programa O Princípio da Incerteza deste domingo, o ministro dos Assuntos Parlamentares aproveita para imaginar a arquitetura do próximo Parlamento. Para Pedro Duarte, o “Chega não vai chegar a uma maioria sozinho”, nem “ninguém razoavelmente acha que vai atingir uma maioria”.
"Com os dados que temos hoje, também percebemos facilmente que a esquerda, mesmo que toda unida, está ainda muito longe de poder alcançar uma maioria. O único cenário de estabilidade para o país que temos será de uma coligação entre AD e a IL, eventualmente”, admitiu.