Líder da bancada parlamentar socialista, Carlos César, desdramatiza tensão à esquerda, as deixa aviso a PCP e BE: "Se as contas correrem mal, vai tudo por água abaixo".
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O líder parlamentar do PS recusa que haja qualquer tensão entre o Governo socialista e os parceiros da esquerda a propósito do Programa de Estabilidade e da revisão em baixa das metas do défice. Nos últimos dias, a esquerda e, em particular, o BE - um dos partidos que suporta a maioria parlamentar -, tem acusado o Governo de querer romper com o "compromisso político" ao querer rever as metas previstas no Orçamento do Estado para este ano, ou seja, inscrevendo um défice de 0,7% do PIB em vez dos 1,1% que ficaram assentes para 2018.
Carlos César, líder da bancada socialista, defende que não será uma alteração de quatro décimas a provocar uma crise govrnativa ou na maioria parlamentar de esquerda: "O país não está suspenso por mais uma décima ou por menos uma décima no défice ou noutro qualquer indicador, não é isso que é absolutamente determinante para o nosso futuro", disse, no parlamento, no final da reunião do grupo parlamentar do PS.
E, no mesmo sentido - e respondendo àqueles que têm sido os apelos de comunistas e bloquistas para que o Governo não restrinja o investimento público -, Carlos César avisa: "O Bloco de Esquerda e o PCP sabem bem que se as nossas contas públicas correrem mal isto vai tudo por água abaixo e, portanto, já não é possível aumentar mais os funcionários públicos nem aumentar rendimentos".
Segundo o líder parlamentar do PS, num momento em que o Executivo se prepara para apresentar o documento que irá seguir para Bruxelas, é preciso "acautelar" que não há desvios nas contas públicas para que "consigamos repetir o que temos feito, que é beneficiar as pessoas, o seu rendimento e ter as contas acertadas".
Carlos César desdramatiza assim qualquer "tensão" entre o Governo do PS, o PCP e o BE, defendendo que o que é mesmo importante para a "estabilidade política" é a aprovação do Orçamento do Estado para o próximo ano, até porque, sublinha, o Programa de Estabilidade que é agora entregue "não é votado no Parlamento".
"Não me apercebi de nenhum ultimato do Bloco de Esquerda", disse ainda o socialista em relação ao Programa de Estabilidade e quando confrontado com uma eventual apresentação de um projeto de resolução por parte dos bloquistas. "Apercebi-me apenas que o Bloco de Esquerda tem uma opinião, o PCP certamente terá outra e cada partido terá a sua posição", disse, acrescentando: "Aquilo que sei é que o Programa de Estabilidade não é votado e é um bom documento que honra os compromissos do Governo, prestigiando o nosso país e estabelecendo um caminho determinado".
Nos últimos dias foram vários os sinais de desconforto manifestados, em particular, pelo BE, que considerou "preocupantes" os indícios de que o ministro das Finanças, Mário Centeno, pretende rever em baixa as metas com as quais se comprometeu nas negociações do Orçamento do Estado para este ano.