O antigo autarca do Porto diz que "é tempo de agir" para travar o declínio do PSD. Quer vitórias nas próximas autárquicas para preparar caminho para uma vitória contra António Costa nas legislativas de 2019.
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Mais crítico, ou como ele diz, mais realista, sobre o estado do PSD, Rui Rio defende um tratamento urgente para um partido que já dominou o cenário autárquico e, nos últimos tempos,"foi sempre perdendo: tinha 157, agora tem 98" câmaras.
Leia aqui tudo sobre o Debate Final e sobre os dois candidatos à liderança do PSD
"Dói-lhe um braço, dói-lhe a cabeça e não vai ao médico? Eu quero ficar bom!" disse em entrevista à TSF e ao DN.
O antigo autarca do Porto propõe-se reconstruir o partido a partir das bases, começando pelo recrutamento de candidatos que se afaste de "figuras mediáticas", pode ler-se na moção que apresenta aos militantes.
Quanto à posição do PSD no espetro político, Rio não tem dúvidas: "a social-democracia pode ser um poucochinho mais à direita ou ao centro mas é basicamente de centro".
Os votos conquistam-se ao centro lá diz a máxima que o candidato à liderança parece apostado em seguir considerando, no entanto, "muito improvável" o cenário de um "bloco central".
"Pode haver situações extraordinárias, em que nome do interesse nacional, não se possa estar amarrado a dizer jamais", disse no primeiro debate com Santana Lopes.
Na moção "Do PSD para o país", Rio traça como objetivo preparar uma vitória nas europeias do próximo ano e depois retirar sinais para ser o partido mais votado nas eleições legislativas também em 2019.
Há muito que Rio defende que "a política em Portugal precisa de um banho de ética". O candidato à liderança do PSD pretende "construir compromissos" para uma mudança na lei eleitoral que aproxime cidadãos dos políticos, credibilize a representação e reforce a autoridade da instituição parlamentar; quer clarificar o que são cargos de confiança política e cargos que requerem autonomia e independência das tutelas.
Já entre as prioridades políticas está a "descentralização e a valorização do interior", defendendo que os partidos têm a obrigação de levar a eleições propostas sobre esta matéria.
Rui Rio foi contra a regionalização, hoje mantém-se contrário ao atual desenho mas já admite aceitar outro modelo que aproxime a política das necessidades locais.
Sobre este e outros temas Rio promete estar aberto ao diálogo e quer "sentar-se à mesa com os líderes todos"
Entre os sete desafios que , na moção, traça para Portugal estão : uma economia mais próxima da Europa, menos dívida externa, menos desigualdades, mais qualificações, atenção à demografia e às alterações climáticas.
Economista, aposta em contas equilibradas e acredita que "as contas devem ter um superavit para poderem ter défice quando a economia começa a cair", a aposta é nas exportações e em atrair investimento, com "alívio progressivo" dos impostos sobre empresas e classe média.
Rio admite que a Segurança Social é "uma das reformas estruturais que assume a maior urgência", mas sabe que depende "de um compromisso parlamentar alargado".
Na área da Saúde, Rui Rio defende um maior investimento na promoção da saúde e prevenção da doença, promovendo "estilos de vida saudáveis" e apostando mais na qualidade do que na quantidade dos cuidados de saúde.
Já na Educação, a estabilidade deve ser a palavra de ordem, rejeitando o "experimentalismo pedagógico" de "quem tudo quer mudar, sem diagnóstico, avaliação, planeamento e compromisso".
Rui Rio quer "especial atenção" à formação inicial de professores e ao modelo de profissionalização no sentido da valorização do seu estatuto social e da sua qualificação científica e pedagógica.
Esta é a primeira vez que Rui Rio vai a jogo no PSD e tem falado mais para o país, que lhe é favorável a julgar pelas sondagens, do que para o partido.
"Aquilo que nós estamos a escolher é o líder do PSD cujo objetivo é ser o primeiro-ministro do país", sublinha vezes sem conta.