O reencontro de Marcelo com Costa e a condecoração a Alegre. Poeta escreve as próprias memórias
Manuel Alegre foi condecorado com a Grã-Cruz da Ordem de Camões.
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Foi o próprio Manuel Alegre que “deixou fluir a memória na ponta da caneca” e escreveu um livro sobre a sua vida. São mais de 400 páginas, que o ex-primeiro-ministro António Costa, “agora com tempo”, já leu. A iniciativa para apresentação da obra do histórico socialista ficou marcada por vários reencontros, desde logo, o de António Costa com Marcelo Rebelo de Sousa.
O Presidente da República, que apareceu de surpresa, distinguiu também Manuel Alegre com a Grã-Cruz da Ordem de Camões. Não só pela “coragem ilimitada” do escritor, poeta e político, mas também pela “obra épica” que escreveu, de combate à ditadura.
"Correndo o risco de novamente ser heterodoxo – já o fui quando o condecorei com a Grã-Cruz de Sant'Iago da Espada – vou condecorá-lo hoje com a Grã-Cruz da Ordem de Camões", declarou.
Manuel Alegre “não esperava” e confessou que “o Presidente da República é sempre capaz de gestos inesperados”. Até porque Camões “está sempre presente” em tudo o que escreveu.
"É para mim de um especialíssimo significado e, de todas as condecorações que tenho, talvez aquela que mais fundo me toca, dada a minha veneração de Camões, dado o facto de Camões estar sempre presente em mim e estar sempre presente em tudo aquilo que escrevi", acrescentou.
O histórico socialista lembrou que nasceu em ditadura pelo que é “muito grato” publicar o livro no 50º aniversário do 25 de Abril. Até porque a memória de Manuel Alegre que serve também de alerta para a atualidade.
“Não é uma época de euforia democrática. Este é tempo de desconstrução da democracia dentro da própria democracia. Extrema-direita, populismo, xenofobia. O esquecimento a vencer a memória. Por isso, é urgente uma cultura de memória contra a incultura do esquecimento”, destacou.
Manuel Alegre, histórico socialista, juntou várias figuras da política no mesmo espaço. António Costa, depois do reencontro com Marcelo Rebelo de Sousa, saiu da Fundação Calouste Gulbenkian sem falar aos jornalistas.