Líder do PSD entende que o Executivo mudou "inteiramente" aquilo que estava definido na proposta orçamental, mas que nem isso foi suficiente para avançar com a recapitalização da Caixa este ano.
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"O Governo prepara-se para atingir um valor para o nosso défice público executando um plano 'B' que muda inteiramente aquilo que foi a política apresentada no orçamento para 2016, e nunca teve a coragem, ainda hoje não tem a coragem, de assumir que pôs em prática um plano 'B' para evitar ter um pior resultado orçamental que o atingido em 2015", afirmou Passos Coelho, esta quarta-feira, no encerramento de uma reunião aberta do grupo parlamentar.
Segundo o líder social-democrata, o "plano 'B'" do Governo consiste em 430 milhões de euros de "cativações permanentes" - que, diz Passos, não difere de "cortes" -, num conjunto de "medidas extraordinárias" e num "corte em investimento público" acima de 30%.
Perante deputados e jornalistas, Passos Coelho acusou o Governo de "manipulação" e de "esconder" as medidas com as quais, defende, António Costa mudou "inteiramente" a proposta orçamental, sublinhando, no entanto, que nem essas medidas foram suficientes para avançar com o plano de recapitalização da Caixa Geral de Depósitos (CGD).
"Mesmo assim, tem algumas dúvidas sobre isso [o défice], e essa foi a razão pela qual decidiu não fazer aquilo que considerava absolutamente fundamental [a recapitalização da CGD até ao último trimestre do ano]. E, na dúvida, aquilo que era extraordinariamente importante, foi adiado para 2017", assinalou o presidente do PSD.
Defendendo que o Governo é "estável", Passos Coelho atira, contudo, que "confunde estabilidade com confiança", acrescentando que o Executivo liderado por António Costa é a "principal entidade que mina essa confiança", com medidas como a atualização das pensões em agosto do próximo ano - data próxima das eleições.
"É eleitoralismo, é vergonhoso", disse.
PSD considera que antecipação de pagamento ao FMI é "manipulação"
Passos Coelho critica o discurso do Governo sobre o pagamento antecipado de 2 mil milhões de euros ao FMI, sublinhando que o ministério das Finanças tinha garantido não avançar com qualquer pagamento antecipado, com o objetivo de "manter as reservas financeiras confortáveis" durante o processo de injeção de capital na Caixa.
No entender do líder do PSD, a "amortização ao FMI" apenas foi realizada "porque o Governo fracassou o seu objetivo de recapitalizar a CGD este ano", afirmando que o Executivo "navega à costa e não tem estratégia nenhuma, vai fazendo o que as oportunidades permitem".
Passos quer PS a "dar orientação" a BE e PCP para viabilizarem propostas do PSD
Depois de o PSD ter apresentado mais de 40 propostas que Passos Coelho identificou como "estruturantes", o líder do PSD deu conta de que os social-democratas estão dispostos a "modelar" as propostas.
Passos diz, no entanto, é preciso um "consenso alargado", sublinhando que os socialistas têm de demonstrar que quererem "envolver o PSD" na discussão: "Cabe ao Governo dar orientação para os partidos que o suportam, no sentido de viabilizarem estas propostas".