O aviso foi feito pelo líder parlamentar do PS durante as jornadas parlamentares dos socialistas, em Beja. Carlos César quer que "apreciação" seja "concluída o mais depressa possível".
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A pouco mais de três meses da entrega do Orçamento do Estado para o próximo ano, e num momento em que o Governo de António Costa se prepara para intensificar os contactos com os parceiros à esquerda, Carlos César defende que BE, PCP e PEV - os partidos que têm formado, em conjunto com o PS, a maioria parlamentar - devem olhar para a negociação com "sentido de responsabilidade".
"Que seja marcada pela convergência e pelo indispensável sentido de responsabilidade que estão envolvidos nesse diálogo. Outra coisa não se espera dos partidos que, certamente, se orgulham dos resultados destes três anos de atividade governativa - até porque nem o PS se desviou do seu percurso, nem os partidos que têm apoiado o Governo querem voltar a um regime de isolamento e a uma falta de influência na política portuguesa", afirmou o líder parlamentar do PS, na Pousada do Alqueva, em Beja.
Na sessão de abertura do segundo e último dia das jornadas parlamentares dos socialistas, Carlos César considerou ainda que a análise que será feita pelos partidos não se deve prolongar no tempo, dando azo a especulação. "É uma apreciação que esperamos que seja concluída o mais depressa possível", disse.
Carlos César sublinha que "para trás, estão três anos de superação de dificuldades e de grandes realizações", em que os socialistas contaram com a "colaboração ativa" do PEV, do PCP e do BE. O líder parlamentar do PS lamenta, no entanto, que não tenha existido "maior comprometimento" da restante esquerda em "outros processos reformistas" como a descentralização, o Plano Nacional de Investimentos ou o Quadro Financeiro Plurianual.
PS invoca liberdade para alterar acordo de concertação social
O líder parlamentar socialista invocou a liberdade da sua bancada para propor alterações ao acordo de concertação social com "sentido de responsabilidade", defendendo que as mudanças laborais são património da esquerda com a oposição da direita.
Carlos César elogiou o acordo celebrado entre o Governo, as confederações patronais e a UGT para o combate à precariedade laboral e estabilização da vida profissional.
"Estas iniciativas tiveram sempre a oposição (ou a abstenção em alguns casos) do PSD e do CDS-PP, que também já se opuseram ao aumento do salário mínimo em concertação social. Estas medidas foram construídas e aprovadas pelo Governo e pelo PS com o apoio da maioria parlamentar que permitiu a investidura deste executivo. São medidas que constituem um património da esquerda política portuguesa e que devem ter continuidade nesse âmbito", declarou Carlos César, recebendo uma salva de palmas.
Nesse sentido, segundo o líder da bancada socialista, o PS avançará agora com alterações para "melhorar" o recente acordo de concertação social, "impedindo abusos que o pervertam e salvaguardando o seu melhor espírito".
"É esse o objetivo do Grupo Parlamentar do PS. É isso que faremos com a responsabilidade e a liberdade que nos são próprias", frisou Carlos César, recebendo nova salva de palmas por parte de vários deputados socialistas, mas sem detalhar em concreto o alcance das medidas legislativas que serão apresentadas pela sua bancada.
O presidente do Grupo Parlamentar do PS voltou também a usar a máxima de que, após a concertação social, segue-se a fase da "concertação parlamentar". "O PS não deixará de a promover ativamente", completou o líder da bancada socialista.