
O secretário-geral do Partido Comunista Português (PCP), Jerónimo de Sousa, fala aos jornalistas após uma reunião com várias organizações sindicais de professores na sede do partido, na sequência da greve dos professores às avaliações, em Lisboa, 26 de junho de 2018. Face à ausência de uma resposta por parte do Governo no que respeita às suas pretensões, as organizações sindicais de docentes (ASPL, FENPROF, FNE, PRÓ-ORDEM, SEPLEU, SINAPE, SINDEP, SIPE, SIPPEB, SPLIU) solicitaram audiências às direções dos partidos políticos com representação parlamentar. ANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA
António Pedro Santos/Lusa
O secretário-geral comunista afirmou que o PCP não anda a falar sozinho, mas sim a dar voz às injustiças, avisando o PS do descontentamento crescente dos trabalhadores.
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"Quanto à voz do PCP, naturalmente, nós não estamos a falar sozinhos. As vozes dos trabalhadores e a sua luta têm sido elemento fundamental para influenciar o curso da vida política nacional", afirmou Jerónimo de Sousa, numa ação contra a precariedade, junto de funcionários do centro de contacto da energética EDP, em Lisboa.
O presidente do PS, Carlos César, declarara antes, nas jornadas parlamentares socialistas no Alentejo, esperar que as negociações do próximo orçamento (OE2019) sejam caracterizadas pelo "indispensável sentido de responsabilidade" e manifestou-se convicto de que os parceiros da esquerda não querem voltar a uma situação de isolamento político.
"Não olhem só para o PCP, olhem para os sentimentos de descontentamento e injustiça que muitos e muitos trabalhadores sentem. Naturalmente, aí estará o PCP, dando voz a esses sentimentos", continuou Jerónimo de Sousa, reiterando a intenção de proceder ao "exame comum" da proposta de OE2019.
Jerónimo de Sousa voltou a condenar as alterações à legislação laboral acordadas pelo Governo na concertação social e que serão debatidas sexta-feira no parlamento, juntamente com iniciativas de BE, PCP, PEV, PAN e, eventualmente, PS, embora o pacote legislativa possa vir a não ser votado de imediato. O líder parlamentar socialista também hoje afirmou que, após a concertação social, segue-se a fase da "concertação parlamentar".
Sobre a EDP, Jerónimo de Sousa salientou o facto de a empresa ter "1.113 milhões de euros de lucro", enquanto há trabalhadores com "15/20 anos vínculos precários e salários pouco acima do mínimo nacional", além de o administrador receber "262 vezes mais que um trabalhador do 'call centre'".