No Parlamento, Adalberto Campos Fernandes garantiu que não existe acordo "por cima ou por baixo da mesa" sobre edifícios do Infarmed. "Único compromisso é programa de Governo".
Corpo do artigo
Questionado da esquerda à direita, o ministro da Saúde garante que não existe nenhum "acordo secreto de natureza imobiliária" na origem da deslocalização do Infarmed de Lisboa para o Porto.
"Olhe para os meus lábios: não há nenhum acordo!", respondeu Adalberto Campos Fernandes à deputada do CDS Isabel Galriça Neto que tinha lembrado que as instalações do Infarmed, no Parque da Saúde, em Lisboa, são atualmente alugadas a "um preço simbólico", enquanto a deslocalização para o Porto poderia implicar a ocupação de imóveis, nomeadamente privados.
TSF\audio\2017\12\noticias\20\adalberto_campos_fernandes_leia_nos_meus_labios
"O único compromisso que existe é o programa de Governo", sublinhou o ministro.
Já antes, ao deputado do Bloco de Esquerda, o ministro da Saúde tinha rejeitado a existência de "um compromisso por cima ou por baixo da mesa".
A dúvida já tinha sido colocada pelo BE/Porto num pedido de informação à Câmara do Porto e ao seu presidente sobre se no processo de candidatura da cidade a sede da Agência Europeia do Medicamento (EMA em inglês) "foi assumido algum compromisso com agentes imobiliários" para "a aquisição ou arrendamento de instalações destinadas a ser utilizadas" por aquela agência.
O ministro da Saúde defende uma "colaboração muito intensa" entre os trabalhadores do Infarmed e o grupo, admitindo a possibilidade de os trabalhadores terem uma intervenção mais ativa.
Adalberto Campos Fernandes mantém que os trabalhadores são a "questão central" desta mudança e que "nada será feito que prejudique ou não tenha em conta os interesses socioprofissionais e os direitos de escolha e de opção dos trabalhadores".
"Uma decisão política"
Outras das questões mais repetidas pelos deputados foi se o Governo "tomou uma decisão" ou "tem uma intenção". Adalberto Campos Fernandes diz que "é uma decisão política" assumida "por todo o Governo, incluindo pelo primeiro-ministro" mas considerou que o "julgamento político" será feito depois das conclusões do Grupo de Trabalho.
"Se o Governo decide muito mal porque contraria a evidência técnica, científica e socioprofissional ou se o Governo opta por um caminho que está em linha com algum dos cenários que foram propostos".
TSF\audio\2017\12\noticias\20\adalberto_campos_fernandes_decisao_politica
O grupo de trabalho, coordenado pelo antigo presidente do Infarmed Henrique Luz Rodrigues, deve realizar uma "avaliação de caráter técnico e científico", bem como analisar os impactos a nível nacional e internacional da deslocalização da sede da Autoridade do Medicamento, que o Governo quer colocar no Porto.