A TSF sabe que Marcelo Rebelo de Sousa não quer ver o Orçamento do Estado em vigor a 1 de abril, o dia das mentiras. Belém quer retirar essa arma do combate entre oposição e governo.
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Esta atitude de Belém poderá ser vista como um mero gesto simbólico, mas é certamente mais um exemplo de boa coabitação entre Belém e S. Bento. Aliás, António Costa saiu da audiência em Belém, na semana passada, a primeira com o novo Presidente, com a esperança de ver o Orçamento do Estado (OE) promulgado antes de 1 de abril.
Ao que a TSF sabe, a vontade do Presidente tem uma explicação. A Presidência tomou boa nota de algumas intervenções mais jocosas no debate e votação final global do OE 2016, e quer evitar que a referência ao dia das mentiras - 1 de abril - seja usada como arma de arremesso entre oposição e governo.
O parlamento aprova a redação final do OE2016 na próxima quarta-feira, e vai fazer chegar o orçamento a Belém nesse mesmo dia - 23 de março. Depois, o jogo da promulgação fica nas mãos do Presidente, sendo que, sabe a TSF, Marcelo Rebelo de Sousa vai jogar com o calendário e acelerar prazos internos no palácio, para evitar que o diploma que rege as contas do Estado para os próximos 9 meses entre em vigor no dia das mentiras.
Esta quinta-feira, em Madrid, o Presidente foi vago e circunstancial ao falar do Orçamento do Estado, limitando-se a dizer que essa é "uma questão a tratar depois de, não só concluído, mas enviado o documento para Belém, para efeitos de promulgação".
Confirmando-se a rapidez dos deputados da Comissão de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa, e chegando o diploma a Belém no dia 23, Marcelo fica com campo livre para promulgar o diploma nos dias a seguir à Páscoa, a tempo de evitar mais trocadilhos com o dia das mentiras.