Organizador das eleições "surpreendido e triste" com reforma a 2 meses das presidenciais
Jorge Miguéis contava organizar as eleições presidenciais mas foi reformado em outubro num processo que considera demasiado rápido. O cargo está livre, a cerca de dois meses das presidenciais.
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Jorge Miguéis não esperava por uma resposta tão rápida ao pedido de reforma que tinha apresentado há cerca de 3 meses.
"Contei com 6, 7 meses que é o normal, mas a reforma foi-me concedida ao fim de 2 meses e 29 dias. Foi um processo muito rápido", disse à TSF o ex-secretário-geral Adjunto do Ministério da Administração Interna.
Jorge Miguéis tencionava acompanhar a organização das eleições presidenciais de 24 de janeiro e tinha-se mesmo comprometido com o anterior secretário de estado João Almeida para realizar o ciclo eleitoral 2015-2016.
Revelando "surpresa e tristeza" por não ter podido assumir o compromisso, Jorge Miguéis lamenta: "provavelmente terei desiludido uma pessoa que confiou em mim, ao dizer-me que precisava de mim até ao fim do ciclo eleitoral"
Repetindo que o processo de aprovação da reforma foi "demasiado rápido", Jorge Miguéis revelou que a notícia chegou por telefone, na véspera de iniciar um período de 15 dias de férias.
"Tive uma tarde para arrumar os tarecos. Fiquei sem reação e triste por não poder cumprir a promessa que tinha assumido como dr. João Almeida".
O despacho de reforma foi lavrado a 19 de outubro passado, no dia em que completou 66 anos e chegou a casa do funcionário público 4 dias depois. Uma "tremenda coincidência", disse Jorge Miguéis.
Questionado sobre se a decisão teve caráter político, Jorge Miguéis respondeu: "Não faço leituras das quais não tenha a certeza, mas foi de facto um um processo bastante rápido".
Miguéis ainda participou nos preparativos das eleições presidenciais de 2016 e garante que "há uma equipa montada que tem grande parte do trabalho feito".
O perito eleitoral considera que "agora é replicar os procedimentos e continuar a atuação serena" face a anteriores eleições.
"A única novidade que poderá existir é uma segunda volta, coisa que não acontece há 30 anos e de que só eu tenho memória porque não há ninguém com tanto tempo de administração eleitoral como eu", conclui Jorge Miguéis, que trabalhou os últimos 41 anos na organização de atos eleitorais.
Governo estuda substituição
Contactado pela TSF o ministério da Administração Interna revelou que o processo de substituição de Jorge Migueis, no cargo de secretário-geral adjunto do MAI para a administração eleitoral, está neste momento a ser avaliado pelo gabinete.
Fonte do ministério adiantou que, logo que a ministra tomou posse, "percebeu que este cargo estava vago e pediu à secretaria-geral do ministério um balanço dos preparativos das presidenciais", tendo-lhe sido garantido que estava "tudo a correr dentro do normal".
Quanto ao facto de o processo de reforma de Jorge Miguéis ter sido aprovado em tempo recorde, o MAI remete esclarecimentos para o ministério das Finanças.