"Palavra dada não ser honrada" e "insultos constantes": o que afasta as pessoas da política?
No programa Conselho de Líderes, na TSF, Isabel Mendes Lopes considera que o espaço político está dominado pela "agressividade" e Paula Santos insiste que "não pode haver qualquer dúvida sobre a existência de promiscuidade entre o exercício de cargos públicos e interesses privados"
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O presidente da Assembleia da República alertou para o risco de Portugal ficar com uma "crise de disponibilidade de pessoas de bem para a política". Aguiar-Branco deu, assim, o mote para o Conselho de Líderes da TSF desta terça-feira: "os discursos de ódio e os insultos constantes", e os governantes "dizerem uma coisa e fazerem outra" são algumas das razões que afastam os cidadãos desta área.
Isabel Mendes Lopes, líder parlamentar do Livre, defendeu que é a "agressividade" cada vez mais vincada — e não o escrutínio — que leva as pessoas a desligarem-se da política.
Há, sistematicamente, pessoas que estão excluídas da política, porque não têm o tempo para isso e porque não se querem sujeitar aos discursos de ódio e aos insultos constantes.
Por consequência deste afastamento, "não é permitido" que haja "um Parlamento que seja verdadeiramente representativo do que é a sociedade portuguesa". E Isabel Mendes Lopes deixa ainda críticas a Aguiar-Branco por não ter o "cuidado" de criar "um espaço seguro" para quem quer estar na tomada de decisões.
Já a líder parlamentar do PCP — partido que, na última semana, levou a debate o tema das portas giratórias entre cargos políticos e trabalho no setor privado — apontou: "Não pode haver qualquer tipo de dúvida ou questão sobre a existência de algum tipo de promiscuidade entre o exercício de cargos públicos e interesses que são privados."
No entender de Paula Santos, o problema do afastamento entre os cidadãos e a política reside na falta de cumprimento das promessas, quando "a realidade é bem diferente daquela que foi a palavra dada, que, na prática, acabou por, muitas vezes, não ser honrada".
"Temos visto isso em diversos governos: dizer-se uma coisa e fazer-se outra, criar-se determinada expectativa de que se vai resolver determinado problema, mas depois não se faz, prometer-se e depois adiar sucessivamente. Isto leva a um descontentamento por parte de muitas pessoas, em particular com aqueles partidos que têm assumido funções governativas no nosso país", argumenta igualmente.
