Palavras cruzadas da crise política: PS fala em "posição de fação" de Aguiar-Branco, PSD pede "decência" a Carlos César
Aguiar-Branco falhou em "ser fator de união", Carlos César a "fazer a piada sozinho", a "indignidade" de Pedro Nuno Santos e o recuperar os ataques a Sá Carneiro. Foi assim o Fórum TSF desta quinta-feira
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Dois dias após a queda do Governo, na votação da moção de confiança, o Partido Socialista (PS) e o Partido Social Democrata (PSD) estão já num jogo de palavras cruzadas.
Vamos por partes. O presidente da Assembleia da República, Aguiar-Branco, afirmou na noite de quarta-feira, durante o Conselho Nacional do PSD, que Pedro Nuno Santos "fez pior à democracia em seis dias" do que André Ventura em seis anos.
No Fórum TSF desta quinta-feira, Francisco César, vice-presidente do grupo parlamentar do PS, considerou que Aguiar-Branco se colocou "numa posição de fação" ao afirmar algo "manifestamente falso". Quebra, assim, "a sua obrigação, que é ser um fator de união entre todos os portugueses" representados pelos grupos parlamentares.
Aliás, o senhor presidente da Assembleia tem sido profundamente tolerante em relação às atitudes do Chega no Parlamento e que tem prejudicado imenso o funcionamento da própria instituição e porque não dizê-lo também da democracia.
Francisco César lamentou e, sobretudo, criticou as palavras "desnecessárias" da segunda figura do Estado, que criam "um clima de crispação e de insulto" contra o secretário-geral socialista.
Voltando à troca de acusações, o presidente do PS, Carlos César, afirmou também na quarta-feira à noite que as próximas eleições “não servem para absolver comportamentos irregulares ou ilegais, nem são uma limpeza ética”.
Ouvido também no Fórum TSF, o deputado do PSD Carlos Reis respondeu, pedindo "decência" e resgatando o passado: "A piada está feita sozinha."
Reis assinala que "o mundo está virado de pernas para o ar" quando se está perante aquelas considerações do presidente do PS, que "apoiou José Sócrates até ao fim, não teve nada a comentar quando apareceram 78 mil euros no escritório do anterior [chefe de gabinete do] primeiro-ministro [António Costa]".
E vai mais longe no que ao passado diz respeito para ele próprio repetir as palavras de Aguiar-Branco contra o líder socialista e acusá-lo de "estar a descer determinados limites de indignidade".
O deputado lembra que "este tipo de ataques de carácter" foram feitos a Pedro Passos Coelho "por causa do caso da Tecnoforma" e a Aníbal Cavaco Silva "por causa das ações no BPN".
Nem vamos recuar ao tempo de Francisco Sá Carneiro, cujo Partido Socialista da altura, a respeito de uma dívida bancária, escrevia nas paredes coisas ofensivas contra Francisco Sá Carneiro, até notas falsas distribuíam: 'Sá Carneiro caloteiro, paga o que deves.'

