PAN critica Montenegro, mas admite "casar" com PSD se houver "divórcio" do CDS
Inês Sousa Real censurou as palavras de Luís Montenegro e pediu ao presidente do PSD que esclareça se o que pretende é cortar subsídios de desemprego. Ainda assim, admite uma aliança com os sociais-democratas a nível nacional, como aconteceu na Madeira, se eles se afastarem do CDS.
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"Tenho uma panca por sabonetes! Adoro os cheiros. Uso muito sabonete sólido, que assim não tem qualquer desperdício." É por entre produtos de cosmética vegan, pensos menstruais reutilizáveis e alimentos a granel que Inês Sousa Real começa o dia, no Porto, com uma visita a uma loja onde o plástico não entra.
Mas é quando passa pela banca da literatura usada que qualquer coisa salta à vista da porta-voz do PAN: um livro chamado “Meu Querido Cromo”.
"Este podíamos oferecer a alguém", brinca. Quem? "Assim de repente, não vou verbalizar, mas há uns quantos cromos, há", ri. "Acho que só tirava a parte do "querido"".
Não quer dizer a quem ofereceria o livro, mas coincidência não será que as palavras que tem, de seguida, são de censura ao líder do PSD. Assume "preocupação" com as declarações de Luís Montenegro, que afirmou, em campanha, não aceitar que alguém que não esteja a trabalhar receba mais do que alguém que esteja.
"É importante que Luís Montenegro venha esclarecer o que é que pretende e que diga ao país qual a sua intenção, antes do dia 10 de março, relativamente a um direito basilar de quem descontou e trabalhou numa situação de fragilidade, como é a situação de desemprego", sublinha Inês Sousa Real, que critica aquilo que considera, por parte da Aliança Democrática, o "revivalismo" de um passado que já não interessa.
No entanto, se é de futuro que se fala, a líder do PAN admite até dar uma chance a Luís Montenegro - como o partido fez na Madeira com Miguel Albuquerque -, se ele o PSD se “divorciar” do CDS.
"Estando "solteiro", poderia ser uma hipótese a considerar", atira Inês Sousa Real. "Aquilo que o PAN terá sempre de avaliar é qual a proximidade com as causas que o PAN representa."
"Teremos de ver quem é que está em condições de formar governo e só depois fazer essa avaliação, tendo sempre presente e não renunciando às causas que representamos", afirma.
No entanto, para ser um aliado valioso, o PAN tem de manter-se no Parlamento e crescer, nestas legislativas. Inês Sousa Real aponta à eleição de um grupo parlamentar. Se o objetivo se concretizar, a próxima paragem deste dia de campanha no Porto, uma loja de roupa vintage e reutilizada, pode ajudar. "Esse vai-lhe ficar muito elegante na Assembleia da República", diz o lojista João Pinho. "Era o máximo ver a Inês de vestido cor-de-rosa na Assembleia!", remata.