Ao terceiro dia de campanha, o Pessoas Animais Natureza dedicou a campanha à defesa da floresta. O dia de estrada passou ainda pelo Estabelecimento Prisional de Tires.
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O mar está a dois passos de distância, mas o PAN dedicou a tarde à floresta e as poças de água estiveram bem mais perto do que o oceano.
Em passo lento, a comitiva do Pessoas-Animais-Natureza percorre a Quinta dos Ingleses. São mais de cinquenta hectares de árvores que estão escondidos nas traseiras de um parque de terra batida, que serve de estacionamento para quem vem à praia de Carcavelos.
Esta é uma área enorme de verde e natureza, que corre o risco de desaparecer. “Em termos ambientais são erros atrás de erros. É uma catástrofe anunciada”, resume Pedro Jordão, da Associação Quinta dos Ingleses. Esta é a voz indignada de um grupo de moradores que há muito tenta travar este projeto. Caso as obras avancem, o grupo pondera até avançar com uma providência cautelar.
Aqui deverão nascer vários prédios com habitação de luxo e até um hotel. Os impactos negativos são muitos. “Vai influenciar a direção do vento. Vão destruir imensas árvores”, alerta Pedro Jordão.
Num dia marcado pela tinta verde que foi atirada ao presidente do PSD por um ativista climático, Inês Sousa Real não esquece o momento e tem o argumento preparado na ponta da língua. “As concessões que têm vindo a ser feitas aqui não servem o interesse da população. Até hoje, num dia em que tem sido tão mediática a questão da tinta verde sobre Luís Montenegro, não podemos esquecer que devemos pintar a orla costeira de verde, mas de um verde natural. Através da natureza, da preservação deste espaço, mantendo a existência da praia e não estando em contraciclo com o grande desafio que é a adaptação do território às alterações climáticas”, sintetiza.
A associação que tenta travar esta obra acusa a Câmara Municipal de Cascais de nada fazer para preservar este pulmão do concelho. “A Câmara não quer saber. Ignora a decisão de todos os grupos e de todas as ações que têm surgido nos últimos tempos”. A líder do PAN não perde a oportunidade de juntar a crítica política. Num concelho governado pelo PSD, Inês Sousa Real encontra uma nova designação para a sigla AD. “Neste caso AD é o acrónimo de antidemocracia”, atira.
PAN pede maior integração social de quem sai das prisões
Assim foi uma ação de campanha que nem uma hora durou, num dia que o PAN dedicou ao concelho de Cascais. Um local que nos últimos meses tem também servido de casa a quem não tem um teto, porque muitos têm sido os que têm montado a tenda na Quinta dos Ingleses para viver. Mas a equipa do PAN não visitou essa parte.
Ao início da tarde, a caravana do partido passou pelo Estabelecimento Prisional de Tires, a casa de mais de uma centena de reclusas e dos seus filhos. Inês Sousa Real aproveitou o momento para pedir mais sensibilidade no sistema prisional português.
“Quando falamos em prevenir a criminalidade, não podemos esquecer que as mulheres são quem está mais vulnerável à pobreza. Por isso temos de apostar nas respostas sociais que possam prevenir e evitar que cheguem a esta situação de reclusão. O país tem de ter respostas para integrar profissionalmente estas mulheres e estas crianças”, lembrou.
Críticas às ideias da direita e dos ativistas
Nas primeiras declarações do dia aos jornalistas, Inês Sousa Real foi questionada sobre o momento que marcou a manhã: a tinta verde que surpreendeu o líder do PSD. Primeiro, a porta-voz do PAN refugiou-se no argumento da "irreverência", mas acabou por condenar a ideia, pedindo aos jovens que lutem pela crise climática de outras formas. “Não é assim que alertamos para o combate às alterações climáticas”, afirmou, recusando a ideia de que o partido possa ter estado envolvido na ação.
Da direita, chegou também durante a manhã uma ideia que deixou o PAN em “choque”. Paulo Núncio, vice-presidente do CDS-PP e número quatro da AD por Lisboa, sugeriu um novo referendo ao aborto. Inês Sousa Real condena a sugestão. “Esta ideia recorda mais uma vez porque foi um erro Luís Montenegro ter dado a mão ao CDS de Nuno Melo e ao PPM de Gonçalo da Câmara Pereira”, defende. Sousa Real assinala que “precisamos de garantir que as mulheres não têm os seus direitos de saúde sexual e reprodutiva” postos em causa.
São declarações que tiveram lugar antes de uma prometida uma ação com os jovens alunos da escola de Economia da Universidade Nova. A comitiva do PAN esteve cerca de 15 minutos a entregar panfletos, mas os jornalistas não puderam entrar no recinto da "Nova SBE".
Inês Sousa Real aproveitou para falar de outras escolhas políticas. Miguel Albuquerque já disse que, se houver eleições regionais, o PSD vai sozinho a votos. A líder do PAN percebe a decisão. “Compreendemos que haja esse distanciamento porque também não nos revemos na agenda do CDS e do PPM”.
Por estes dias o PAN está concentrado na luta das legislativas. Mas se houver eleições em breve na Madeira, Inês Sousa Real insiste que o partido não vai apostar em nenhuma coligação. Por agora, baterias apontadas aos dias de estrada que ainda se avizinham. Amanhã a caravana do PAN vai estar de manhã em Viseu e à tarde em Castelo Branco.
