Inês Sousa Real está convencida de que o referendo pode mesmo avançar, apesar de haver uma maioria de direita na Assembleia da República
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É a “hora da abolição”, na perspetiva do PAN, para colocar um ponto final nas touradas. O partido realiza hoje a rentrée política, em Vila Nova de Gaia, e vai dedicar a tarde à proposta de referendo para a abolição das touradas.
Em declarações à TSF, Inês Sousa Real adianta que a iniciativa vai contar com figuras internacionais, responsáveis pelo fim das touradas nos respetivos países, espera que seja uma inspiração para Portugal. O local da rentrée também não foi escolhido ao acaso: o Jardim do Morro era uma antiga praça de touros.
“A antiga praça de touros foi demolida e foi reconvertida num espaço não só de fruição do ponto de vista social, com uma vista maravilhosa para o Rio Douro, mas também tem uma componente identitário para a cidade. E nesta rentrée política, portanto, convocamos uma das nossas causas fundacionais. Vamos trazer Esmeralda Hernández, a senadora que liderou o processo de abolição na Colômbia, e conseguiu que reconhecessem que a crueldade a que os animais são sujeitos não pode permitir a realização destes espetáculos”, adiantou.
Inês Sousa Real está convencida de que o referendo pode mesmo avançar, apesar de haver uma maioria de direita na Assembleia da República: o Chega e o CDS-PP são a favor da tauromaquia. A deputada do PAN nota, no entanto, uma posição diferente na sociedade.
“Todos os estudos que têm sido feitos ao longo dos anos, têm dito a mesma coisa. Os mais recentes dizem-nos que mais de 60% dos portugueses são contra as touradas. Mais de 77% não concordam sequer com o financiamento ao nível dos dinheiros públicos. Também temos vários dados que nos indicam que as touradas têm estado em declínio: no ano passado só se realizaram 166 touradas em Portugal”, notou.
Além disso, a deputada lembra os recentes acidentes em eventos tauromáquicos, alertando que “a violência das touradas não atinge só os touros e os cavalos, mas também as pessoas”. “Este verão foi marcado por vários acidentes e nós não podemos continuar a permitir que não só se vitimem os animais, como também as pessoas, e que o Estado continue a olhar para o lado”, acrescentou.