Partidos querem "reforçar a articulação" entre Saúde e Segurança Social para resolver problema dos internamentos sociais
O tema esteve em debate, esta quarta-feira, no Fórum TSF
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Na discussão do Fórum TSF onde se debateu o problema dos internamentos sociais, a deputada socialista Susana Correia destacou a necessidade de reforçar o diálogo entre a Saúde e a Segurança Social.
"Em primeiro lugar, reforçar a articulação entre a Saúde e a Social. Há muito tempo desde o momento que o doente tem alta até ao momento em que é integrado na resposta e também na questão dos modelos de referenciação. Nós temos que integrar a comunidade nesta resposta, pensá-la a nível nacional, mas também a nível local, onde as próprias Unidades Locais de Saúde criaram o seu próprio modelo de negócio, conhecem a sua população, têm integrado nos seus conselhos de administração membros das autarquias. As autarquias têm aqui também um papel muito importante", sugeriu Susana Correia.
Na opinião da deputada do Chega Felicidade Vital as soluções são outras.
"Passar por um investimento não só financeiro, mas também um investimento de organização nas instituições de curta, média e longa duração. As instituições de curta, média e longa duração têm estado abandonadas. É necessário olhar para elas com olhos de ver, é necessário saber quais são os seus problemas e é necessário resolvê-los", aponta na TSF Felicidade Vital.
Já Mário Amorim Lopes, deputado da Iniciativa Liberal, chama à responsabilidade o Ministério da Segurança Social.
"Tem de, em primeira instância, articular isto com os lares, com as IPSS e com as misericórdias porque são fundamentalmente o grande prestador de cuidados terciários para que estas pessoas possam ser devidamente encaminhadas e possam ser acompanhadas. Depois há aqui também um trabalho importante de proximidade. Muitas vezes as juntas de freguesia acabam por atuar como a extensão do Estado mais capilar, que chegue às pessoas e promovem muito dessa ação social, portanto tem de ser articulado entre Segurança Social, as IPSS também depois as juntas de freguesia que fazem muito deste trabalho de apoio de acompanhamento social", aconselhou Mário Amorim Lopes.
O deputado do Bloco de Esquerda José Soeiro considera que são necessários mais lugares na rede de cuidados continuados e propõe a criação de um serviço nacional de cuidados.
"O problema, que já está identificado, é o facto de nós termos construído um Serviço Nacional de Saúde, ou seja, uma rede pública em todo o território que dá respostas na área da saúde e dos cuidados agudos de episódios de doença, mas não termos construído, na área social, um serviço nacional de cuidados com a mesma capacidade de resposta. Temos uma provisão de cuidados em Portugal, de apoio social para pessoas que não precisam já de um hospital, mas precisam de apoio, de um acompanhamento de cuidados continuados. Temos uma taxa de cobertura muito reduzida face às necessidades", defende José Soeiro.
Por fim, o PCP volta a exigir que seja criada, com urgência, uma rede pública de equipamentos e serviços de apoio aos mais velhos e o comunista Bernardino Soares receia que o Governo acabe por entregar este setor aos privados.
"No PCP temos muito receio de que esta carência seja aproveitada pelo Governo da AD para entregar alguns destes setores a grandes empresas privadas, algumas multinacionais que já entraram no nosso país nesta área e se isso acontecer sem uma rede pública robusta, sem o maior apoio às instituições sociais, o que nós vamos ter é muita gente a ficar de fora, porque não vai ter rendimentos, reformas para suportar os custos que uma instituição privada comporta", acrescentou Bernardino Soares.
