Partidos têm dúvidas sobre novas medidas para Habitação: "Portugal tem má memória de PPP", o que faz falta é "colocar casas no mercado"
Por sua vez, o Partido Socialista, numa primeira análise, não se opõe às opções do Governo, mas "aguarda" para conhecer ao detalhe como será a venda e o arrendamento de imóveis do Estado
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O Partido Socialista (PS) quer tempo para se pronunciar sobre as medidas que o Governo deverá aprovar esta quinta-feira em Conselho de Ministros em relação à Habitação, mas, numa primeira análise, não se opõe. Nesta linha está também o Juntos Pelo Povo (JPP). Por sua vez, o Livre, o PCP e o Bloco de Esquerda (BE) têm muitas dúvidas, e o Chega lembra o Executivo de Luís Montenegro que "sem regras claras" isto é "oportunismo".
São as reações registadas pela TSF destes partidos políticos à notícia do jornal Público, que revela esta quinta-feira que o Governo vai vender dez imóveis do Estado para financiar políticas de Habitação e quer ainda arrendar 15 imóveis do Estado, em Lisboa e no Porto. Para isso, vai lançar parcerias público-privadas (PPP), destinadas ao arrendamento acessível.
Perante estas medidas, o deputado socialista Luís Testa admite na TSF: "Nós estamos a aguardar para conhecer de facto quais é que são os imóveis que o Governo pretende alienar, porque não nos faz sentido, por exemplo, que sejam alienados edifícios que já tenham funções habitacionais. Admitimos que a operação de alienação possa ser feita relativamente a edifícios que não tenham essa função para financiar uma nova operação de construção ou de aquisição de edifícios habitacionais."
Já Paulo Muacho, do Livre, tem dúvidas sobre as opções do Governo nesta matéria, considerando-as "muito pouco lógicas". Sublinha que não faz sentido a medida que prevê a venda de imóveis do Estado para financiar políticas públicas de Habitação, quando "a prioridade deveria ser tentar pôr o máximo de casas no mercado o mais rapidamente possível".
Paulo Muacho quer conhecer mais detalhes sobre a estratégia do Executivo, nomeadamente no que às parcerias público-privadas diz respeito e "quanto é que elas vão ganhar com este negócio".
Temos muitas dúvidas e entendemos que o Governo não deveria, neste momento, estar a vender património público, quando há uma carência de edifícios e de habitação
Já o deputado Bruno Dias, do PCP, insiste que estas ideias não respondem às necessidades dos portugueses.
Na leitura do BE, na voz de Fabian Figueiredo, "o Governo é coerente na promoção das piores políticas" de Habitação.
Portugal tem má memória de parceiras público-privadas, onde o risco fica do lado do Estado e os lucros ficam do lado dos promotores imobiliários
Uma opinião diferente tem o Chega, que concorda com o recurso a estas parcerias para converter prédios do Estado em casas com arrendamento acessível, mas desconfia das verdadeiras intenções do Governo, que não perde uma oportunidade para fazer "propaganda".
Por sua vez, o deputado único do JPP considera que esta medida é um "passo importante" para dar resposta à crise na Habitação "que assola milhares de famílias e jovens". Filipe Sousa aplaude a medida da venda e arrendamento dos imóveis, e garante que vai acompanhar a implementação da mesma.

