À direita, PSD e CDS-PP consideram que houve um aumento de impostos muito significativo, em particular para a classe média e as pequenas e médias empresas. À esquerda, PCP, BE e PEV falam em "pressões" internas e por parte de Bruxelas. PS diz que OE prova que "é possível uma alternativa".
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No parlamento, João Oliveira, do PCP, foi o primeiro a reagir à proposta de Orçamento do Estado apresentado pelo executivo. Sublinhando que o documento contém medidas que "dão concretização" ao acordo entre PS e PCP ou, até, de propostas "entretanto avançadas pelo PCP", o líder parlamentar apontou, no entanto, "limitações e insuficiências".
Ainda assim, o PCP destaca muitas medidas como positivas: "A redução das restrições à contratação na administração pública; o fim da isenção dos fundos imobiliários em sede de IMI; o aumento da contribuição do setor bancário; a introdução da cláusula de salvaguarda do IMI", e os comunistas esperam ainda concretizar outras matérias quando o Orçamento do Estado for debatido "em sede de especialidade".
Do lado das críticas, o PCP salienta as opções de "agravamento de impostos indiretos que recaem de forma mais generalizada sobre os portugueses".
Os comunistas salientaram ainda o que entendem ter sido um "inaceitável quadro de chantagem, de pressão e ingerência" por parte das instituições internacionais.
Pelo Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua afirmou que a proposta "cumpre o objetivo de travar o empobrecimento e recuperar rendimentos", acusando também Bruxelas de ter exercido "pressões" para "piorar" o documento, a que se juntou um discurso de "chantagem" por parte de PSD e CDS-PP.
"Se há uma excessiva carga de impostos deve-se às propostas da Comissão e da direita, que recusaram um Orçamento que rompe com a austeridade e uma proposta diferente", disse a deputada.
Os bloquistas garantem que, durante as negociações, houve "lealdade" em todo o processo por parte do PS, mas que este "não é o Orçamento do Bloco de Esquerda".
Ainda à esquerda, Heloísa Apolónia, do Partido Ecologista "Os Verdes", considerou que a proposta representa um "sinal muito relevante" para o combate ao empobrecimento, mas acusa a Comissão Europeia de colocar um "travão enormíssimo" na política pretendida por António Costa e pelos partidos que sustentam o governo.
A deputada do PEV afirma que a instituição trabalha apenas para "os números" e não para a qualidade de vida dos portugueses. Heloísa Apolónia deixou, no entanto, reparos no que diz respeito ao aumento do imposto sobre produtos petrolíferos: "Gera preocupação", disse.
PSD e CDS-PP criticam aumento de impostos
À direita, PSD e CDS.PP, partidos que estiveram no último governo, sublinharam, sobretudo, o aumento de impostos que se verificou desde o esboço de Orçamento até à versão final, que, entendem os dois partidos, incidem, em particular, na classe média.
"Ficámos a saber que temos um inesperado aumento de impostos, a pagar pela classe média, pelas famílias com filhos, pelas empresas", disse o vice-presidente da bancada do PSD, António Leitão Amaro, dando conta de que a proposta contém "um aumento de 1600 milhões de euros" em relação à proposta original.
O deputado social-democrata defende, por isso, que o aumento de impostos se deve, principalmente, a BE, PCP e PEV, e não à Comissão Europeia: "Sabemos agora que, afinal, os acordos das esquerdas têm um preço. É um preço pago pela classe média, é um preço que é pago em menos crescimento, em menos emprego, em menos riqueza e que coloca em causa a credibilidade externa de Portugal".
Pelo CDS-PP, Cecília Meireles afirmou que a proposta "levanta muitas dúvidas" e representa um aumento de impostos "muito grave" e deixou antever o sentido de voto dos centristas: "Não há motivos para dúvidas em relação à posição do CDS".
A deputada acusou ainda o executivo de "ir ao coração" da classe média e das pequenas e médias empresas para "pagar" os acordos feitos entre o PS, PCP, BE e PEV.