No primeiro dia da visita oficial, o primeiro-ministro passou pelo Museu da História Militar, onde relevou a "história rica, mas, lamentavelmente, tão sangrenta" de Angola.
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"O passado ficou no museu e agora compete-nos construir o futuro". Foi desta forma que António Costa se referiu, esta segunda-feira, em Luanda, ao estado das relações entre Portugal e Angola. De passagem pelo Museu da História Militar, em plena Fortaleza de Luanda - e no dia em que os angolanos comemoram o nascimento do primeiro presidente, Agostinho Neto -, e na tentativa de sublinhar que os problemas do passado estão ultrapassados, o primeiro-ministro quis, sobretudo, falar sobre o futuro.
"É nesse futuro das relações entre Portugal e Angola que temos de estar focados. Esta visita é um momento muito importante", disse o chefe de Governo, no final de uma visita ao museu no qual estão presentes muitas referências a grandes figuras da história dos dois países, e em que António Costa lamentou que nem sempre os tempos tenham sido de paz: "Uma história rica, mas, lamentavelmente, tão sangrenta", disse o primeiro-ministro, aludindo à Guerra Civil Angolana que teve início em 1975.
Porém, agora, entende António Costa, o essencial é deixar para trás a marcas da guerra e dos problemas diplomáticos entre os dois países. Exemplo disso, salienta, é a assinatura do programa de cooperação que vai ligar os dois países até 2022.
"Vamos assinar o Acordo de Cooperação Estratégica para os próximos anos e vamos dar um sinal de confiança para o aprofundamento das nossas relações económicas", disse, sublinhando ainda que "há entre os dois países um sistema de vasos comunicantes" e que "cada vez que há um problema num dos lados, a melhor forma é a solidariedade entre todos".
Pagamento de dívidas a empresários portugueses é um "trabalho em curso
No final da visita, o chefe de Governo foi ainda questionado sobre um possível entendimento entre o Estado angolano e as empresas portuguesas, para desbloquear o atraso nos pagamentos a empresários em Angola, que se estima ser na ordem dos 400 a 500 milhões de euros.
"Passa pela existência de um bom clima de negócios que dê confiança e estabilidade, permitindo a todos recuperarem o dinheiro que têm a recuperar e ajudarem ao desenvolvimento das economias angolana e portuguesa", disse António Costa, que acrescenta que esse é um "trabalho em curso".
No mesmo sentido, e pouco antes de seguir para um encontro com empresários portugueses, o chefe de Governo assinalou: "Tem havido sinais muito positivos do empenho de todos em ultrapassarmos situações difíceis. Os últimos dez anos têm sido muito turbulentos na economia mundial".