Passos ataca "calculismo" e "vazio" do PS e esquerda para defender vitória da AD como "natural"
O antigo primeiro-ministro e líder do PSD apelou à capacidade reformista da AD e avisou que "sem economia com resultados e a crescer não é possível fazer diferente".
Corpo do artigo
E ao segundo dia, Passos Coelho juntou-se à campanha eleitoral da AD. O antigo primeiro-ministro e líder do PSD deixou, esta segunda-feira, críticas ao "calculismo" e "imenso vazio" do PS e dos partidos da esquerda e defendeu como "natural" uma vitória da coligação PSD/CDS/PPM nas eleições de 10 de março num Portugal "em que se sente essa vontade de mudança".
Reconhecendo estar a discursar em Faro perante Luís Montenegro num gesto de retribuição e gratidão por "todo o apoio" que sentiu quando esteve na pelo do agora líder do PSD, Pedro Passos Coelho defendeu que o "espírito da AD faz-nos recuar a 1979", ainda que essa época possa dizer "pouco a muitas pessoas", algo que diz ser "sinal que o país andou para a frente".
Na altura, recordou, Sá Carneiro tinha uma frase "muito marcante": dizia que Portugal "era um país em que os velhos não tinham presente e os jovens não tinham futuro" e, por isso, a AD "visava justamente oferecer ao país uma confiança e caráter reformista que lhe desse esperança no futuro".
Nesse tempo, a coligação conseguiu um resultado "absolutamente decisivo" e Passos Coelho identifica que também hoje há problemas sérios "que aguardam resolução", pelo que é necessário "mobilizar os eleitores".
Com políticas e serviços públicos a dar sinais de "desgaste e falta de qualidade", seja na saúde, ensino, habitação ou segurança. Sobre esta última, argumentou mesmo que o atual Governo fez "ouvidos moucos" quanto à necessidade de a garantir, apesar da necessidade paralela de abertura à imigração, pelo que "hoje as pessoas sentem uma insegurança que é resultado da falta de investimento e de prioridade que se deu a essas matérias".
O antigo chefe de Governo alertou então a AD para a necessidade de ter uma "prática política diferente" da governação que diz ter sido praticada até aqui, feita "dia a dia" e a olhar para "oportunismos políticos" ao tentar "todos os dias oferecer qualquer coisinha a alguém" e da qual, quando se "esgota, fica um vazio".
Daí, "ficou muito pouco ou nada para oferecer no futuro e é por isso que se sente em Portugal essa vontade de mudança", apontou Passos Coelho, que avisa que se a coligação quer "reformar alguma coisa para que as coisas mudem, então temos de dizer que a nossa proposta é diferente".
No elenco de políticas que defendeu perante os partidários em Faro, inclui a confiança "naqueles que estão a gerir unidades hospitalares e nos que gerem as escolas" por contraste com o "dirigismo" e "oportunismo" de quem ser dono do Estado: "Nós não aceitamos donos em Portugal porque somos donos de nós próprios, da nossa vida e do nosso futuro."
No plano económico e da criação de riqueza, Passos avisou que se o país mantiver "o perfil destes oito anos, em meados da década próxima não haverá um jovem qualificado que encontre aqui um futuro" e que "mão tarda estaremos na cauda da Europa do bem-estar, progresso e desenvolvimento" perante a "perspetiva miserável de um crescimento demasiado magro".
"Qualquer dia estaremos todos nivelados por baixo a distribuir a pobreza quando o que interessa é distribuir aquilo que se produz", atirou, avisando simultaneamente que "sem economia com resultados e a crescer não é possível fazer diferente".
Na educação, o social-democrata apontou que nas escolas é importante que as pessoas se "sintam cidadãs" e não que quem lá passa sinta que "lhe andam a enfiar pela goela abaixo aquilo que têm de pensar", antes de começar um crescendo para rematar o discurso com uma mensagem de força e novas críticas ao PS e às "contas certas" perante "tantos problemas sérios por resolver que se agravaram e deterioraram nestes anos".
Defendendo que "não são os Governos que mudam o país, são as pessoas que o mudam", Passos vincou a necessidade de "abandonar este calculismo" porque "não há nenhum partido do PS para a esquerda, incluindo o PS, que a cada proposta e a cada reforma não veja um lobo mau por trás".
"Não queremos que nos agitem o medo do papão nem do lobo mau", atirou, confiante de que "o resultado natural destas eleições é a vitória da AD" sobre um PS que "não só tem hoje um vazio imenso para oferecer ao país, repete fórmulas gastas que remetem para o passado e para a geringonça, e está sempre a fazer contas" como "não sai disto, do calculismo e da reciprocidade".
Passos Coelho, que liderou o PSD entre 2010 e 2018 e foi primeiro-ministro entre 2011 e 2015, juntou-se à campanha da Aliança Democrática (AD) num comício na Escola de Hotelaria e Turismo do Algarve, em Faro.