É o segundo dia do Congresso do PSD. No discurso de abertura, Passos Coelho admitiu erros, assumiu-se como oposição e reconheceu consistência à maioria de esquerda.
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O líder do PSD apontou na sexta-feira a reforma da Segurança Social e do sistema eleitoral como prioridades, considerando que agora que não há "eleições à vista" é tempo de repensar a forma como os deputados são escolhidos.
Recuperando uma proposta já antiga dos sociais-democratas, o presidente do PSD, Pedro Passos Coelho aproveitou o discurso inicial do 36.º Congresso do partido para desafiar os socialistas a discutirem uma ideia à qual aderiram no passado, no sentido da redução do número dos deputados e alterar a forma como os deputados são escolhidos e eleitos.
"Se já no passado os socialistas concordaram com ele, talvez agora que não temos eleições à vista, é muito importante sublinhar isto (...), não temos eleições à vista - e eu espero que não tenhamos tão cedo. Este é, portanto, o momento certo, uma vez que não há eleições à vista, para discutirmos as alterações ao sistema eleitoral", defendeu.
Elegendo o ataque às desigualdades como um dos desígnios sociais-democratas, Passos Coelho recuperou também a proposta do partido de reforma da Segurança Social, insistindo que há um problema que é preciso resolver.
"Temos um problema. Era bom que pelo menos desta vez os socialistas não fizessem de conta que não há um problema e que em vez de virem com o jargão habitual de que o que nós queremos é cortar pensões, porque ninguém está a falar de cortar pensões, ou melhor, até estamos, o que nós queremos é que no futuro não se tenham de vir a cortar pensões simplesmente porque não há dinheiro para as pagar", frisou Passos Coelho, que antes das eleições propôs ao PS um entendimento para garantir a sustentabilidade da Segurança Social.
Ou seja, continuou, se nada for feito "o atual Governo ficará responsável pelo corte de pensões no futuro".
Assegurando que o PSD continua disponível para avançar com uma reforma da Segurança Social, o líder social-democrata advertiu que tal exige uma mudança de regime.
A proposta do PSD, disse, está explícita da moção de estratégia que traz ao congresso: "Proponho que possamos mudar de um sistema em que temos um benefício definido através da lei para o cálculo da pensão para um sistema em que os descontos, a contribuição, seja definida, para que cada um saiba muito bem o que é que vai ter como pensão no futuro, o que é que cobre os seus riscos sociais no presente e no médio prazo", disse.
Mas, acrescentou, o PSD não quer impor o seu modelo e espera que o Governo também apresente a sua proposta.
As eleições regionais no Açores depois do verão e as autárquicas a realizar no outono de 2017 foram igualmente referidas no discurso de Passos Coelho, que apontou como objetivo encontrar "um caminho diferente" para os açorianos e voltar a ter o maior número de câmaras municipais e recuperar simbolicamente a liderança da Associação Nacional de Municípios.
"Está ao nosso alcance ter grande resultado", preconizou, adiantando que no sábado irá anunciar a criação de uma comissão autárquica no partido.