O líder do PSD defende que as sanções "não têm razão de se verificarem". Pedro Passos Coelho comentou ainda o Brexit, afirmando que deve ser "separação amigável" e não um "divórcio litigioso".
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"Espero que os países estejam contra as sanções porque elas não têm razão para se verificarem, não é por uma questão de simpatia ou de solidariedade", afirmou o antigo primeiro-ministro, referindo que "Portugal não precisa de mendigar apoio". Para o dirigente social-democrata, não se deve mendigar para que "livrem Portugal de uma coisa que não merece ser sancionado".
"Se houver um bocadinho de vergonha e de decência, não se pode sancionar o país que mais esforços fez de consolidação orçamental estrutural em todos estes anos e dos que mais cumpriu, a seguir à Irlanda, aquilo que foram as metas estabelecidas", vincou.
À entrada para a habitual reunião de dirigentes do Partido Popular Europeu antes das cimeiras de chefes de Estado e do Governo da UE, em Bruxelas, Pedro Passos Coelho acrescentou esperar que "não haja outras intenções de natureza política que escondam decisões que não estejam assentes naquilo que são materialmente as condições que se verificam em Portugal".
Brexit deve ser "separação amigável" e não um "divórcio litigioso"
Pedro Passos Coelho defendeu também hoje que se poderá "diminuir a incerteza" da saída do Reino Unido da UE com uma "declaração forte de todos os envolvidos de que não querem uma espécie de divórcio litigioso e que querem é uma separação amigável".
Para o líder do PSD, se os 27 países continuarem a "comungar dos mesmos valores, princípios, mantendo uma proximidade política grande", assim como se continuar a existir um "espaço de livre comércio, com uma grande proximidade financeira", serão minimizados "os resultados negativos da saída" dos britânicos.
"O que está aqui em causa para os mercados, mas também para os cidadãos, é saber se vamos todos amuar e vamos todos levar ao máximo os efeitos negativos associados a esta decisão ou se vamos minimizá-los e procurar incutir confiança nos mercados e nos cidadãos e todos temos interesse na segunda opção", afirmou aos jornalistas.
Comentando a decisão de quinta-feira dos britânicos de saírem da UE, o antigo primeiro-ministro português quis ainda afastar "qualquer ideia de utilizar o processo de negociação para mostrar uma espécie de cartão amarelo a todos aqueles que na UE pudessem ter tentações de realizar referendos que visassem a saída".
"Castigar os britânicos como uma espécie de vacina para que outros europeus não sigam o mesmo caminho, é o caminho mais direto para que isso possa acontecer", notou.
Pedro Passos Coelho aproveitou para caracterizar o projeto europeu como "positivo, de prosperidade e de paz" e "não um penalizar com azia, com um sentimento de perda para com aqueles que quiseram e soberanamente tomaram uma decisão diferente".