Passos quer revisão constitucional. Costa não quer "crises políticas artificiais"
O presidente do PSD desafiou o PS a aceitar uma revisão constitucional extraordinária que permita novas eleições. Na reação, António Costa diz que este não é o tempo de criar "crises artificiais".
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Depois do desafio de Pedro Passos Coelho para uma revisão constitucional extraordinária, que abra portas a eleições legislativas antecipadas, a resposta de António Costa foi "Não". O secretário-geral do Partido Socialista disse, na última noite, que não vale a pena criar crises que não existem.
António Costa lembrou que este é o tempo "de não se criar uma crise política artificial. Em Portugal, não há crise política se não a criarem. Em Portugal, o que se verificou esta semana foi o normal funcionamento do regime democrático, no estrito cumprimento da Constituição e, eu até diria mais, do reencontro com a Constituição".
Num encontro com militantes no Porto, o líder socialista falou da necessidade de voltar à "normalidade constitucional" e defendeu que "estão criadas todas as condições para que, tão rapidamente quanto o queiram, podermos ter um novo Governo que possa ser viabilizado na Assembleia da República, que ponha termo a este período de incerteza, de intranquilidade e que devolva estabilidade ao país".
É a reação ao repto deixado horas antes, em Lisboa, por Passos Coelho, numa das sessões das jornadas "Portugal Caminhos do Futuro". "Estou inteiramente disponível para dar o meu apoio a uma revisão constitucional extraordinária que garanta a possibilidade de o parlamento ser dissolvido para que seja o povo português a escolher o seu Governo", disse o líder da coligação Portugal à Frente.
Pedro Passos Coelho acrescentou que "se aqueles que querem governar na nossa vez não querem governar como golpistas ou como fraudulentos, deveriam aceitar essa revisão constitucional e permitir a realização de eleições".
O comentador de assuntos de política nacional da TSF e diretor do jornal eletrónico Observador, coloca este desafio de Passos Coelho, ao nível do momento político difícil que estamos a viver. David Dinis considera que é uma discussão "pertinente" mas não deve ser feita "a quente", para responder ao que aconteceu.
No processo de construção de uma solução para o atual momento politico, o Presidente da República tem esta sexta-feira mais reuniões com parceiros sociais. Desta vez, as duas centrais sindicais, o presidente do Conselho Económico e Social, a Associação das Empresas Familiares e o Fórum para a Competitividade.