Passos Coelho diz que, ao ser candidato a líder do PSD, é "naturalmente" candidato a primeiro-ministro. Admite também que em período de austeridade levou "mais longe do que seria necessário" a "imagem de determinação".
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"Candidato-me à liderança do PSD e, portanto, sou naturalmente candidato a primeiro-ministro", afirmou Pedro Passos Coelho, na Casa do Comércio, em Lisboa, onde apresentou, de forma oficial, a candidatura a um novo mandato na liderança do PSD, tendo em vista as eleições diretas de 5 de março.
Durante o discurso, o presidente dos social-democratas garantiu que a candidatura não se trata de um "ato desgarrado", antes uma decisão com o objetivo de evitar o que entende ser a "quase fatalidade" de o país "retornar ciclicamente aos vícios do passado e às suas sequelas económicas e sociais".
Com os antigos ministros Maria Luís Albuquerque, Luís Marques Guedes e Jorge Moreira da Silva entre as dezenas de militantes do PSD que assistiram à sessão, Passos Coelho referiu-se à candidatura como "um ato de coerência e de consistência política", na tentativa de retomar um caminho como primeiro-ministro e um projeto para o país que entende ter ficado "a meio".
"A sua necessidade de execução no nosso país é hoje mais relevante e premente do que há meio ano", sublinhou o ex-primeiro ministro.
Sobre o percurso como primeiro-ministro, Passos Coelho afirma que, apesar do "doloroso resgate", retirou o pais do "abismo financeiro" e deu "mais competitividade" à economia, mas admite a "dureza" da receita, que deixou "feridas" que precisam de "ser saradas".
"Admito que, à força de não querer falhar, possa ter levado mais longe do que seria necessário a imagem de determinação que ficou associada à fase de austeridade. Mas, se nem todos os portugueses me perdoaram ainda essa dureza, é minha convicção que foram em maior número os que redobraram a sua confiança na minha determinação", disse.
E, insistindo que o resultado das eleições de 4 de outubro resultou num governo liderado por quem "perdeu as eleições", Passos Coelho garante que sempre governou com a ideia de "defender o futuro dos portugueses, mesmo sabendo que isso me poderia custar uma reeleição".
Antes, também o presidente da distrital de Lisboa do PSD, Miguel Pinto Luz, afirmou que Pedro Passos Coelho deixou de ser primeiro-ministro "fruto da coligação negativa de alguns".
Já Fernando Ruas, mandatário nacional da candidatura de Passos à liderança do partido, salientou: "Os que aqui estão nunca esperariam ver Passos Coelho envolvido numa jogada como aquela que o retirou do governo".