Líder do PSD diz que "o país merece uma explicação" sobre o que se passou nos bastidores para levar António Domingues a pedir a demissão de presidente da Caixa Geral de Depósitos (CGD).
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"Se não havia nenhum problema em apresentar as declarações de património e de rendimento - que já apresentaram -, demitiram-se porquê? Não acham que o país merece uma explicação sobre isso?", questionou Pedro Passos Coelho, depois de se saber que António Domingues renunciou ao cargo de Presidente do Conselho de Administração da CGD.
Em Lisboa, no encerramento das "Jornadas Consolidação, Crescimento e Coesão", organizadas pelo PSD, o líder social-democrata deixou críticas à forma como António Costa e o Governo conduziram todo o processo, sublinhando que cabe agora ao primeiro-ministro esclarecer os portugueses.
"Mas o primeiro-ministro acha que pode não dar uma explicação a Portugal e aos portugueses sobre o que se está a passar no maior banco público?", afirmou, acrescentando que se o líder do Executivo "insistir em não dar [uma explicação sobre a demissão]", tratar-se-á de "puro desrespeito para com os portugueses".
Apesar de pedir esclarecimentos, Passos Coelho considera, no entanto, que o Governo "nunca terá uma explicação razoável" sobre o caso e sobre o que motivou a demissão de António Domingues, defendendo que "não se convida alguém que pode ter potenciais conflitos de interesse" para liderar um plano de recapitalização "quando ainda exerce funções de responsabilidade num banco concorrente".
"É contra aquilo que devia ser uma regra de ouro", sublinhou, adiantando ainda que o Executivo socialista não pode apontar quaisquer culpas ao PSD e à oposição: "Façam o favor de ter aí um bocadinho de decoro, porque o PSD e a oposição só pediram para cumprir a lei".
Possibilidade de consenso com PS está "esgotada", diz Passos
Durante a intervenção - e a poucas horas da votação final global do Orçamento do Estado para 2017 -, Passos Coelho apontou ainda ao PS e ao Governo, que acusa de fazer "conversa fiada" sobre os "grandes consensos nacionais".
"Creio que esgotámos aquilo que é a capacidade para ir ao encontro de uma solução de consenso. Esgotámos, não porque não tenhamos vontade de encontrar esses consensos, é porque o PS, como se percebeu da discussão do Orçamento, não está interessado, não quer, mas não quer mesmo", disse o líder do PSD - depois de Luís Montenegro, líder parlamentar, já ter salientado que os socialistas rejeitaram quase todas as 45 propostas de alteração ao OE2017 apresentadas pelo PSD.
Garantindo que o PSD esteve "disponível" e "aberto" para discutir as propostas, Passos Coelho acrescentou ainda que aos socialistas "cairá a máscara de de toda esta conversa simulada de que é uma pena o PSD estar preso ao passado e é uma pena o PSD estar ressabiado", criticando o PS por rejeitar "tudo o que não vier da área que congrega dos comunistas ao PS".