Paulo Rangel e o "diálogo" com o Chega: "No Parlamento toda a vida se dialogou com todos"
O eurodeputado recusa, no entanto, colocar-se na rota do futuro Governo, quando questionado sobre um possível lugar num ministério.
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Paulo Rangel deixa nas mãos de Luís Montenegro as decisões sobre os possíveis ministeriáveis, recusa colocar-se dentro da discussão, mas defende que, no Parlamento, “todos devem dialogar com todos”. Recuou aos tempos da sua liderança parlamentar, para lembrar que, na altura, teve diálogos “intensos” com o Bloco de Esquerda e com o PCP.
O vice-presidente do PSD esteve na comitiva social-democrata recebida pelo Presidente da República, no Palácio de Belém, e seguiu diretamente para a apresentação do livro “O Príncipe da Democracia, uma biografia de Francisco Lucas Pires”, onde se sentou ao lado do socialista Francisco Assis.
Ainda antes da indigitação de Luís Montenegro como primeiro-ministro, mas já com garantias do Presidente da República, Paulo Rangel foi questionado sobre a aritmética parlamentar onde a Aliança Democrática está longe da maioria absoluta. Só com o Chega ou com o PS se atingem os 116 deputados que garantem a aprovação de medidas.
“Todos os governos têm de ter capacidade de diálogo e no parlamento toda a vida se dialogou com todos”, respondeu, questionado se também o Chega deve entrar na equação.
Paulo Rangel foi líder parlamentar do PSD durante a maioria absoluta socialista de José Sócrates. Embora na oposição, o social-democrata usa o próprio exemplo para aconselhar Luís Montenegro a olhar para todo o espetro parlamentar.
“Tive diálogos muito intensos com o PCP e com o BE. Também com o CDS, que eram as forças da oposição. Dialogava com todos. Não quer dizer que concordasse com eles, que chegasse a acordo com eles”, recordou.
O eurodeputado recusa, no entanto, colocar-se na rota do futuro Governo, quando questionado sobre um possível lugar num ministério. Paulo Rangel recorda que este ainda é o tempo do Presidente da República e, depois, cabe ao primeiro-ministro indigitado fazer escolhas.
“Portanto, esses tempos são sempre tempos de alguma discrição política. Depois vai haver um momento em que o Governo é apresentado, toma posse, em que o programa é apresentado, e aí sim haverá tempo para todas essas questões”, sublinhou.